A nutrição tem a aptidão de contribuir para o bom desempenho dos atletas, e é neste aspeto que os suplementos nutricionais requerem uma consideração especial como estratégia nutricional. O exercício representa um importante desafio para a homeostase corporal global, com respostas imediatas e adaptativas a nível celular e sistémico. Desta forma, os nutrientes desempenham um papel importante na regulação de processos que vão desde a produção de energia até à criação de novas células e proteínas. A disponibilidade de nutrientes contribui para diferenças marcadas em funções como apoio ao sistema imunitário e a redução do stress oxidativo e inflamação, e em alguns casos pode melhorar o desempenho desportivo.

O objetivo deste artigo é realizar uma revisão sistemática sobre o impacto da nutrição na imunidade do atleta.

Evidências sugerem que a dieta do atleta é um modulador da sua imunidade, porém, os mecanismos de ação ainda não estão bem definidos na literatura.

Introdução: A Paralisia Cerebral é um conjunto de distúrbios do desenvolvimento do movimento e postura resultantes de lesões cerebrais no feto ou criança. Estas alterações conduzem frequentemente a dificuldades alimentares e podem estar relacionadas com ingestão alimentar inadequada, estado nutricional, função motora, duração das refeições e dependência, qualidade de vida da criança e dos cuidadores.

Objetivos: Realizar uma revisão sistemática sobre as dificuldades alimentares em crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral e o seu impacto negativo na saúde e qualidade de vida.

Metodologia: Recolher e analisar dificuldades alimentares descritas em artigos científicos, segundo as normas PRISMA. De seguida, analisar o seu impacto na saúde e qualidade de vida da população em estudo.

Resultados: Um total de 19 estudos foi selecionado para esta revisão, sendo que todos relataram dificuldades alimentares. Onze referiram dificuldades alimentares de caráter oromotor, 6 identificaram problemas gastrointestinais, 8 abordaram a necessidade de assistência durante as refeições e 1 a recusa alimentar. A associação entre as competências alimentares e a função motora foi relatada em 6 estudos. Dez artigos evidenciaram um comprometimento da ingestão alimentar e 4 afirmaram que este pode conduzir à necessidade de utilização de outras vias de alimentação, como a gastrostomia. A baixa qualidade de vida destas crianças e dos seus cuidadores foi descrita em 3 estudos.

Conclusões: As dificuldades alimentares são recorrentes na população com Paralisia Cerebral. Apesar da procura de um nutricionista ser pouco frequente, este deve ser consultado assim que surjam sinais de um possível comprometimento alimentar para minimizar as suas consequências, melhorando assim o estado nutricional e a qualidade de vida.

Introdução: O conhecimento sobre nutrição dos profissionais de saúde tem um grande impacto na saúde dos indivíduos idosos. No entanto, há escassez de oferta de educação especializada nessa área. O Projeto Nutrition UP 65 foi criado e implementado a nível nacional um curso de qualificação em nutrição para profissionais de saúde, que decorreu entre abril de 2015 e abril de 2017. Pretende-se descrever aqui este processo.

Metodologia: Na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, seis professores elaboraram um curso de vinte e sete horas. Este curso é composto por oito horas de contacto direto e dezanove horas de estudo individual e foi acreditado e creditado pela Universidade do Porto com um European Credit Transfer System (ECTS). Foram produzidos materiais didáticos e apresentações, bem como cartazes e desdobráveis informativos. Desenvolveu-se uma prova final para avaliar os conhecimentos dos participantes. Cerca de 10% das unidades de saúde nacionais foram identificadas, selecionadas aleatoriamente em cada área regional (NUTS II) e convidadas a participar.

Resultados: Realizaram-se 35 edições do curso para 784 profissionais de 241 unidades de saúde diferentes por 23 instrutores credenciados pela Universidade do Porto. No teste de avaliação obteve-se uma taxa de aprovação de 99% e uma pontuação média de 16,8 em 20 valores. 45,7% dos participantes classificaram o curso como “bom” e 41,1% como “muito bom”.

Conclusões: O balanço global desta vertente do Projeto Nutrition UP 65 é muito positivo. Os resultados da adesão dos profissionais de saúde demonstram que o interesse por esta área da intervenção nutricional é elevado e que este curso é uma boa oportunidade para expandir o acesso à formação especializada. Assim, destaca-se a necessidade de outras iniciativas que promovam sessões de formação voltadas para tópicos nutricionais. Estas sessões de formação devem ser reconhecidas como um ponto de partida para uma nova abordagem no conhecimento nutricional dos idosos em Portugal.

A obesidade é uma doença multifatorial, para a qual contribuem múltiplos fatores genéticos (poligénica) e ambientais. É conhecido o seu papel como fator de risco para a diabetes Mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e certos tipos de cancro. O desenvolvimento tecnológico a que se assistiu nas últimas décadas permitiu ampliar em grande medida o nosso conhecimento sobre os mecanismos moleculares e celulares associados à sua fisiopatologia. Entre as “novas ciências” que emergiram, destaca-se a genómica nutricional, uma nova área de estudo que revela o papel do património genético individual e da interação gene-nutrimento no desenvolvimento da doença. Este artigo pretende apresentar uma revisão das novas abordagens no estudo da obesidade e discutir a importância desta temática na prevenção e tratamento da doença. O conhecimento da variabilidade interindividual no perfil genético, epigenómico, metagenómico e cronobiológico da obesidade permitirá o desenvolvimento de melhores ferramentas de diagnóstico e de tratamento da obesidade.

Atualmente, a demência é uma epidemia global com grande impacto social, económico e na saúde, sendo urgente aumentar o conhecimento sobre a sua prevenção e tratamento. Diversos macro e micronutrientes, alimentos e padrões alimentares têm sido estudados como potenciais fatores de risco e de proteção, e agentes no tratamento. Para além da potencial modulação dos fatores de risco vascular, os fatores nutricionais poderão ter uma ação direta na patogénese. Embora ainda não haja evidência consistente e definitiva de ensaios controlados randomizados sobre o efeito dos fatores nutricionais na demência, vários trabalhos sugerem que estratégias nutricionais podem ser custo-efetivas, seguras e fáceis de implementar. Desta forma, é necessário realizar mais investigação para esclarecer o papel da nutrição e alimentação e estabelecer recomendações preventivas e terapêuticas na demência.

As últimas décadas têm sido palco de inúmeros avanços na tecnologia médica e, consequentemente, na Ética. Uma das áreas que reflete estes progressos é a área da alimentação, nutrição e hidratação em cuidados paliativos. A presente revisão foca-se no conhecimento global relativamente à Ética na Nutrição em Cuidados Paliativos relativamente aos princípios de autonomia, beneficência, não maleficência e justiça.

Nas últimas décadas tem-se assistido ao aumento da prevalência da obesidade, representando esta doença um dos desafios mais graves de saúde pública a nível mundial. Paralelamente, verifica-se que as inovações tecnológicas não param de emergir e, se por um lado esta evolução tecnológica diminuiu a atividade física e aumentou o sedentarismo, por outro podem ser aliadas na promoção de comportamentos mais saudáveis. As aplicações mobile, principalmente as de saúde e fitness, estão cada vez mais presentes no quotidiano das pessoas, e podem, por isso, revelar-se num meio privilegiado para as apoiar na adoção de estilos de vida mais saudáveis.

Assim, a presente investigação teve como principal objetivo rever e sumarizar os conteúdos das aplicações mobile da área da saúde e fitness mais populares e comparar as gratuitas com as pagas para a obtenção de contributos para a construção de um protótipo de app credível nesta mesma área. Utilizou-se uma metodologia do tipo quantitativa. Dada a variabilidade de apps e funcionalidades encontradas, não foi possível determinar um padrão que pudesse facilitar a escolha das melhores apps. Verificou-se que as apps gratuitas têm um maior número de funcionalidades do que as apps pagas, pelo que o preço não pode ser fator de decisão de escolha.

O paradigma terapêutico em obesidade força os profssionais de saúde a decisões clínicas partilhadas com o doente. A adoção de novos padrões alimentares depende de múltiplas mudanças comportamentais propostas pelos profssionais de saúde, que podem ter impacto negativo na qualidade de vida dos doentes, difcultando a sua manutenção. Este artigo apresenta o modelo de intervenção nutricional INDIVIDUO. Trata-se de uma intervenção estruturada, que integra recomendações nutricionais baseadas na evidência com estratégias relacionais promotoras de mudança comportamental sustentável. Apresenta-se também o protocolo do primeiro ensaio clínico controlado, que visa avaliar a efetividade desta intervenção. Sendo direcionada a candidatos a cirurgia da obesidade, em contexto de consulta multidisciplinar, espera-se que a intervenção seja promotora e/ou catalisadora de mudanças comportamentais sustentáveis, conducentes a melhorias clínicas signifcativas, a nível do peso corporal, controlo metabólico e qualidade de vida relacionada com a saúde.