Introdução: As preocupações crescentes sobre os efeitos do açúcar na saúde motivaram as pessoas a reduzir o seu consumo, particularmente no chocolate, com a substituição do açúcar por edulcorantes, que possuem perfil adoçante semelhante à sacarose. Embora haja controvérsia sobre os seus efeitos na saúde, várias autoridades reconhecem-nos como seguros e bem tolerados.

Objetivos: Analisar o valor energético e de macronutrientes dos chocolates com adição de açúcar e os adoçados com edulcorantes, caracterizar o tipo de edulcorantes utilizados e o seu impacto na saúde.

Metodologia: Um estudo de mercado foi realizado em supermercados portugueses físicos e online, analisando quarenta chocolates do tipo branco, leite e preto com adição de açúcar e adoçados com edulcorantes.

Resultados: O chocolate branco com açúcar tem maiores quantidades de gordura (23%), gordura saturada (76%), energia (11%) e açúcares (78%) do que o chocolate branco com edulcorantes. Nos chocolates preto e de leite com edulcorantes, as quantidades de energia (9,9% e 26,6%, respetivamente) e açúcares (84,9% e 96,3%, respetivamente) são mais baixas do que nos respetivos chocolates com açúcar, contudo, o valor de hidratos de carbono é superior nos chocolates com edulcorantes (12,1% e 11,8%, respetivamente). Observou-se que o maltitol era o edulcorante mais utilizado (65,2%), e que os chocolates com adoçantes são pobres na maioria dos macronutrientes e energia. No entanto, o consumo destes deve ser moderado, dado que estudos sugerem que o consumo excessivo de edulcorantes poderá contribuir para alterações metabólicas.

Conclusões: Devido aos possíveis riscos de saúde que os edulcorantes podem trazer, limitar o seu consumo seria a melhor recomendação. No entanto, esta pode ser difícil de implementar quando o desejo pelo sabor doce pode ser um comportamento geneticamente predeterminado.

Introdução: Colaborações em projetos de pesquisa entre universidade e indústria deve ser incentiva na área de nutrição, a fim de potencializar o desenvolvimento sustentável no setor.

Objetivos: Investigar padrões nos relatos de experiências de pesquisadores académicos em projetos com a indústria de alimentos.

Metodologia: Pesquisadores académicos na área de nutrição responderam a um questionário eletrónico quanto aos seus interesses, envolvimento, interdependência, influência e potencial impacto em projetos em parceria com a indústria de alimentos. A análise temática do tipo teórica latente foi aplicada.

Resultados: Dezassete pesquisadores académicos responderam à pesquisa, eles exerciam funções de líder do grupo de pesquisa (23,5%, n=4), pesquisador sénior (29,5%, n=5), pós-graduando em nutrição no nível doutorado (23,5%, n=4) e especialistas em nutrição (23,5%, n=4). Cinco temas foram encontrados dentro dos relatos, sendo 3 deles identificados como benéficos: “Recurso financeiro para pesquisa” (tema 1), “crescimento pessoal e profissional” (tema 2) e “relevância socioeconómica” (tema 3), e 2 como barreiras dessa parceria: “prioridades distintas” (tema 4) e “falta de credibilidade da indústria” (tema 5).

Conclusões: Pesquisadores académicos em Nutrição identificaram a falta de credibilidade e a divergência de prioridades da indústria de alimentos como os principais obstáculos para projetos de colaboração em pesquisa.

Introdução: Sendo a alimentação um fator de risco modificável significativo para a incapacidade e morte prematura, urge a promoção de ambientes alimentares saudáveis incluindo sistemas que promovam uma dieta diversificada, equilibrada e saudável nos setores público e privado. A correta intervenção alimentar pode representar um importante reflexo na saúde dos clientes de uma Unidade de Alimentação e Nutrição, visto que, para muitos, a alimentação recebida na empresa/organização onde trabalha representa a grande refeição do dia e pode representar a base de uma alimentação saudável, com reflexos positivos para a saúde, podendo servir de exemplo para a criação de hábitos alimentares adequados nos comensais.

Objetivos: Elaborar ferramenta de avaliação qualitativa de ementas destinada à população adulta e saudável, com base nas necessidades energéticas totais e distribuição de porções por dia e por refeição segundo as recomendações nacionais e hábitos alimentares da população nacional.

Metodologia: Foram identificadas as necessidades energéticas totais de acordo com as recomendações da Roda dos Alimentos Portuguesa e distribuídas as porções de alimentos para a refeição do almoço. Foram compilados e analisados os critérios referentes a cinco documentos de avaliação qualitativa de ementas e adaptados para a população alvo.

Resultados: Obteve-se uma lista de verificação/grelha para avaliação qualitativa de ementas, constituída por 55 pressupostos divididos por 8 grupos. As ementas serão avaliadas segundo uma classificação de “muito boa”, “boa”, “aceitável” e “não aceitável” consoante os valores percentuais obtidos.

Conclusões: A lista de verificação/grelha obtida com os principais critérios de alimentação saudável para aplicação aquando da elaboração de ementas pretende representar uma ferramenta que auxilie os responsáveis pela elaboração de ementas e os nutricionistas num processo de melhoria da qualidade nutricional das ementas.

A avaliação de intervenções em saúde é um poderoso instrumento de melhoria contínua de qualidade e pode ser entendida como a investigação sistemática dos elementos de uma intervenção, para produzir informação que permita determinar o valor ou mérito da mesma por parte de todos os interessados. O processo avaliativo deve ser parte integrante do desenho e planeamento de qualquer intervenção em Nutrição Comunitária e Saúde Pública. A avaliação apresenta diversas abordagens, dependendo do objecto da avaliação, dos objetivos e do nível de cuidados/organizacional. A avaliação pode ocorrer antes, durante ou após a implementação da intervenção, pode ter uma função formativa ou sumativa, pode servir-se de métodos qualitativos ou quantitativos, e, enquanto julgamento de valor, pode ser normativa ou avaliativa. O desenho e planeamento da avaliação podem recorrer a modelos lógicos que permitem estruturar visualmente a intervenção, de modo a facilitar a operacionalização de ambas. A avaliação deve por isso ser uma ferramenta usada habitualmente pelos nutricionistas de modo a promover a prática da Nutrição Comunitária e Saúde pública baseada na evidência e promover a melhoria contínua da qualidade em saúde.

Introdução: O aumento da esperança média de vida e o envelhecimento da população têm conduzido a um incremento na prevalência de doenças crónicas progressivas como as demências. As alterações metabólicas e fisiológicas que decorrem podem causar comprometimento do estado nutricional destes doentes.

Objetivos: Identificar as preferências relativamente a alimentos e bebidas e conhecer os fatores que condicionam a ingestão alimentar em doentes com demência ou comprometimento cognitivo.

Metodologia: Realizou-se estudo observacional descritivo do tipo transversal que incluiu doentes, com diagnóstico de demência ou comprometimento cognitivo e/ou os seus cuidadores informais, internados na Unidade de Cuidados Continuados e Unidade de Convalescença, Reabilitação e Manutenção do Hospital-Escola da Universidade Fernando Pessoa. A recolha dos dados foi realizada através de um questionário construído especificamente para o efeito.

Resultados: A maioria dos doentes mencionou preferir sabores doces, alimentos cozidos, quentes de consistência normal e como bebida a água. Nos condicionantes da ingestão alimentar salientam-se como fatores mais selecionados a companhia durante as refeições, forma de apresentação e quantidade/volume das refeições.

Conclusões: A intervenção nutricional em contexto hospitalar, para além das necessidades nutricionais do doente, deve ter em consideração as suas preferências, de modo a contribuir para o seu bem-estar geral.

A infertilidade tem aumentado nos últimos anos, afetando cerca de 10% da população portuguesa. O impacto dos tratamentos de procriação medicamente assistida tem potenciado a procura por fatores modificáveis da função reprodutiva. A presente revisão temática tem como objetivo analisar as associações entre alimentação, nutrição e fertilidade feminina.

Tanto a Dieta Mediterrânica como a Dieta de Fertilidade melhoram os parâmetros reprodutivos nas mulheres e a ingestão adequada de antioxidantes parece proteger a função reprodutiva. Pelo contrário, o consumo de ácidos gordos trans, proteínas de origem animal, hidratos de carbono, carnes brancas, laticínios magros, fast-food, bebidas alcoólicas, açucaradas e com cafeína diminuem a fertilidade.

Embora a idade da mulher seja um determinante da função reprodutiva e as associações sejam apenas parcialmente compreendidas, a alteração da alimentação continua a ser uma das intervenções mais promissoras na preservação da fertilidade.

A comunidade científica manifesta atualmente um elevado nível de interesse no jejum intermitente – períodos de abstinência voluntária da ingestão de energia, variando de várias horas a dias. O jejum intermitente é clinicamente relevante e pode representar uma estratégia não-farmacológica eficaz para melhorar o desempenho físico e a composição corporal. Tem sido estudado principalmente em atletas durante o período religioso do Ramadão e em pessoas predispostas a diminuir a adiposidade corporal sem perda paralela de massa isenta de gordura. O objetivo desta revisão é fornecer uma visão geral do impacto do jejum intermitente durante o Ramadão vs. jejum intermitente não-Ramadão ao nível do rendimento físico e da composição corporal. A literatura evidencia algumas inconsistências ao nível da interação entre o jejum intermitente e o rendimento físico. Contudo, verifica-se que o jejum intermitente não-Ramadão é eficaz para melhorar a potência aeróbia máxima. Não obstante, esta intervenção reduz o desempenho durante sprints repetidos ao longo dos primeiros dias de intervenção. Por outro lado, o jejum intermitente durante o Ramadão diminui a potência aeróbia máxima e isto é mais expressivo durante a segunda metade deste período religioso. Ao contrário, ambas as intervenções são manifestamente inócuas ao nível da força muscular e da capacidade anaeróbia. No que se refere à composição corporal, existe maior consensualidade. De acordo com os dados disponíveis, ambas as intervenções estimulam adaptações benéficas a este nível. Ainda assim, as perdas de massa gorda são mais pronunciadas com o jejum intermitente não-Ramadão.

A avaliação de intervenções em saúde é um poderoso instrumento de melhoria contínua de qualidade e pode ser entendida como a investigação sistemática dos elementos de uma intervenção, para produzir informação que permita determinar o valor ou mérito da mesma por parte de todos os interessados. O processo avaliativo deve ser parte integrante do desenho e planeamento de qualquer intervenção em Nutrição Comunitária e Saúde Pública. A avaliação apresenta diversas abordagens, dependendo do objecto da avaliação, dos objetivos e do nível de cuidados/organizacional. A avaliação pode ocorrer antes, durante ou após a implementação da intervenção, pode ter uma função formativa ou sumativa, pode servir-se de métodos qualitativos ou quantitativos, e, enquanto julgamento de valor, pode ser normativa ou avaliativa. O desenho e planeamento da avaliação podem recorrer a modelos lógicos que permitem estruturar visualmente a intervenção, de modo a facilitar a operacionalização de ambas. A avaliação deve por isso ser uma ferramenta usada habitualmente pelos nutricionistas de modo a promover a prática da Nutrição Comunitária e Saúde pública baseada na evidência e promover a melhoria contínua da qualidade em saúde.

As perturbações mentais representam um dos mais importantes desafios da atualidade. No entanto, as opções terapêuticas disponíveis são nalguns casos pouco eficazes ou apresentam efeitos adversos importantes. As intervenções no âmbito do estilo de vida, onde se incluem intervenções nutricionais e alimentares, têm vindo a ser exploradas na área da doença psiquiátrica e já demonstraram exercer um efeito benéfico na sua otimização. Adicionalmente, existe uma conhecida associação entre a doença psiquiátrica e os distúrbios gastrointestinais. A evidência sugere que indivíduos com depressão apresentam uma composição da microbiota intestinal alterada, em comparação com indivíduos saudáveis. Neste sentido, também a microbiota intestinal poderá constituir um alvo terapêutico atrativo. Várias estratégias para a sua modificação já foram descritas, incluindo a manipulação da dieta, a utilização de suplementos probióticos e/ou prebióticos e o transplante de microbiota fecal. Pretende-se com este trabalho abordar importância da nutrição e alimentação no foro da psiquiatria, assim como a modulação da microbiota intestinal e utilização de psicobióticos, reconhecidos como uma potencial coadjuvante para o tratamento destas patologias. Conclui-se que, embora a informação atualmente disponível nesta matéria seja promissora, são necessários mais estudos para que seja possível formular recomendações específicas e cientificamente sustentadas.

Introdução: Em Portugal, a atuação do Nutricionista na Restauração Comercial permanece, até à data, uma área subexplorada, que carece de uma definição transparente.

Objetivos: Conhecer em que medida(s) pode o Nutricionista intervir nas atividades da Restauração Comercial em Portugal.

metodologia: Aplicou-se o método de Delphi online, cujo painel de peritos contou com a participação de Nutricionistas e Chefes de Cozinha. Na primeira ronda foram recolhidos dados pessoais e foi colocada uma questão aberta sobre a(s) medida(s) de atuação do Nutricionista na Restauração Comercial em Portugal. Na segunda ronda foi aplicado um questionário constituído por questões de resposta fechada relativas às medidas de atuação do Nutricionista na Restauração Comercial identificadas na ronda anterior.

Resultados: Foram identificadas, consensualmente, 14 medidas de atuação do Nutricionista na Restauração Comercial, que se agruparam em 8 categorias: “Valorização Nutricional e Alergénios”, “Elaboração de Menus com Opções Saudáveis”, “Educação Alimentar do Consumidor”, “Segurança Alimentar, Cumprimento Normativo e Legislativo e Auditorias”, “Gestão de Operações”, “Gestão de Pessoas”, “Marketing e Comunicação” e “Rentabilidade do Negócio”.

Conclusões: Do ponto de vista dos Chefes de Cozinha e dos próprios Nutricionistas, estes profissionais de saúde podem intervir amplamente nas atividades da Restauração Comercial em Portugal.