A utilização de nutrição entérica tem um papel importante na recuperação da criança e adolescente desnutrido, ou em risco de desnutrição.

Pretende-se com a publicação deste artigo, a descrição genérica das principais questões relacionadas com a nutrição entérica, onde se destacam alguns aspetos ligados ao estado de nutrição e de patologia da criança e adolescente e é feita referência às indicações, metodologia de intervenção e complicações da nutrição entérica. Estes são pontos fundamentais, para a decisão de se iniciar um programa de nutrição entérica e de se proceder à escolha da fórmula mais adequada a cada situação.

 

 

A utilização de nutrição entérica tem um papel importante na recuperação da criança ou adolescente desnutrido, ou em risco de desnutrição. Atualmente, existe uma ampla gama de dietas entéricas que surgiram ao longo dos últimos 15 anos, como consequência do avanço tecnológico e do conhecimento relativo às necessidades em macro e micronutrientes adequadas a cada doente. É por isso objetivo do presente trabalho fornecer uma atualização qualitativa, e quantitativa, das fórmulas entéricas que se encontram disponíveis no mercado português até ao mês de janeiro de 2021.

 

As doenças inflamatórias intestinais incluem a doença de Crohn, que se manifesta maioritariamente ao nível do íleo e do cólon, mas também pode provocar alterações em qualquer região do trato gastrointestinal. Pessoas com este tipo de patologias possuem maior risco de carências nutricionais devido a várias razões relacionadas com a doença e com o próprio tratamento. Assim, o objetivo primário da alimentação é restaurar e manter o estado nutricional do indivíduo. Para tal utilizam-se alimentos, suplementos alimentares, e a nutrição entérica e parentérica. A dieta oral e os outros meios de suporte nutricional podem ser alterados durante as fases características da Doença de Crohn.

O presente trabalho tem como objetivo rever as evidências mais recentes acerca do suporte nutricional na doença de Crohn e elaborar uma pequena reflexão sobre estas. Através desta reflexão, concluiu-se que a educação alimentar é fundamental para alertar os doentes em relação à variedade de alimentos que dispõem e que podem consumir, caso os tolerem, de forma a evitar as dietas extremamente restritas indicadas no passado, que contribuíam para maior frustração dos doentes e consequentemente menor qualidade de vida. A nutrição entérica é o tratamento de primeira linha para a indução da remissão da doença em fase ativa em crianças, sendo que também apresenta benefícios na remissão da doença em adultos. Por sua vez, a nutrição parentérica apenas é recomendada quando a nutrição entérica é contraindicada.