Introdução: O aumento da esperança média de vida e o envelhecimento da população têm conduzido a um incremento na prevalência de doenças crónicas progressivas como as demências. As alterações metabólicas e fisiológicas que decorrem podem causar comprometimento do estado nutricional destes doentes.

Objetivos: Identificar as preferências relativamente a alimentos e bebidas e conhecer os fatores que condicionam a ingestão alimentar em doentes com demência ou comprometimento cognitivo.

Metodologia: Realizou-se estudo observacional descritivo do tipo transversal que incluiu doentes, com diagnóstico de demência ou comprometimento cognitivo e/ou os seus cuidadores informais, internados na Unidade de Cuidados Continuados e Unidade de Convalescença, Reabilitação e Manutenção do Hospital-Escola da Universidade Fernando Pessoa. A recolha dos dados foi realizada através de um questionário construído especificamente para o efeito.

Resultados: A maioria dos doentes mencionou preferir sabores doces, alimentos cozidos, quentes de consistência normal e como bebida a água. Nos condicionantes da ingestão alimentar salientam-se como fatores mais selecionados a companhia durante as refeições, forma de apresentação e quantidade/volume das refeições.

Conclusões: A intervenção nutricional em contexto hospitalar, para além das necessidades nutricionais do doente, deve ter em consideração as suas preferências, de modo a contribuir para o seu bem-estar geral.

A dor total é um conceito essencial em cuidados paliativos tal como a alimentação e a nutrição. Durante a progressão da doença, a alimentação e nutrição dos doentes torna-se frequentemente muito alterada, sendo que os doentes se confrontam com inúmeras perdas relacionadas com o processo de alimentação. Estas perdas poderão ir desde a incapacidade de saborear, deglutir, mastigar, digerir e absorver os nutrientes adequadamente até à perda da capacidade de se alimentar autonomamente, de utilizar os talheres e utilizar a via oral, podendo culminar em depressão e isolamento social. Muitos doentes em cuidados paliativos apresentam também sintomas relacionados com a alimentação, perda de peso involuntária e recusa alimentar. Maioritariamente na fase de fim de vida poderão emergir questões espirituais relacionadas com a alimentação e a nutrição. Todas estas situações interferem com o quotidiano da vida familiar e também com o conforto e a qualidade de vida dos doentes, afetando-os enquanto seres humanos em todas as suas dimensões – física, psicológica, social, e espiritual – e contribuindo para a dor total dos doentes.