A infertilidade é uma doença do sistema reprodutivo masculino e/ou feminino definida pela incapacidade de atingir uma gravidez após 12 meses ou mais de relações sexuais regulares desprotegidas. A etiopatogénese pode estar associada ao estilo de vida moderno ou a alterações metabólicas, que se observam frequentemente com o aumento da idade materna, obesidade, diabetes, ansiedade, consumo de álcool, tabaco e exposição aos poluentes ambientais, incluindo os que atuam como desreguladores endócrinos. Um fator comum a estas condições é a produção excessiva de espécies reativas de oxigénio que podem dar origem ao stress oxidativo. Assim, o objetivo da presente revisão de literatura é estudar a existência de uma associação entre o stress oxidativo e a incidência de infertilidade. A pesquisa foi realizada na base de dados Pubmed, entre fevereiro e abril de 2023. Utilizou-se como palavras chave: ¨oxidative stress¨, ¨fertility¨. ¨infertility¨, ¨female infertility¨ e ¨male infertility¨. No que diz respeito ao sistema reprodutor, o stress oxidativo pode afetar a qualidade dos gâmetas, oócitos, espermatozoides, embriões e os ambientes respetivos. Adicionalmente, afeta o desenvolvimento embrionário precoce e a implantação, o que por sua vez pode comprometer a taxa de gravidez. Por fim, tem ainda sido associado negativamente à estimulação ovariana, e consequentemente ao potencial desenvolvimento de oócitos na fertilização in vitro. Neste sentido, a partir da presente revisão, torna-se possível afirmar que o stress oxidativo desempenha um papel importante na infertilidade feminina e masculina, constituindo implicações claras para a prevenção, diagnóstico e resolução terapêutica de tais condições.

A infertilidade tem aumentado nos últimos anos, afetando cerca de 10% da população portuguesa. O impacto dos tratamentos de procriação medicamente assistida tem potenciado a procura por fatores modificáveis da função reprodutiva. A presente revisão temática tem como objetivo analisar as associações entre alimentação, nutrição e fertilidade feminina.

Tanto a Dieta Mediterrânica como a Dieta de Fertilidade melhoram os parâmetros reprodutivos nas mulheres e a ingestão adequada de antioxidantes parece proteger a função reprodutiva. Pelo contrário, o consumo de ácidos gordos trans, proteínas de origem animal, hidratos de carbono, carnes brancas, laticínios magros, fast-food, bebidas alcoólicas, açucaradas e com cafeína diminuem a fertilidade.

Embora a idade da mulher seja um determinante da função reprodutiva e as associações sejam apenas parcialmente compreendidas, a alteração da alimentação continua a ser uma das intervenções mais promissoras na preservação da fertilidade.

A alimentação e a nutrição exercem influências pré-concecionais e gestacionais e constituem fatores determinantes para o alcance das necessidades nutricionais ao longo do ciclo de vida, as quais são imprescindíveis para o desenvolvimento, o crescimento e uma vida saudável. A evidência científica tem demonstrado o papel protetor do Padrão Alimentar Mediterrânico, durante os períodos iniciais do ciclo de vida, mas também contra diversas patologias que podem desenvolver-se mais tarde na vida adulta. Com este trabalho, pretende-se apresentar uma revisão narrativa atualizada acerca da influência na saúde deste padrão alimentar, ao longo do ciclo de vida. Para esse efeito, foi realizada uma pesquisa, na MEDLINE, de artigos científicos em língua portuguesa ou inglesa, de acesso gratuito, publicados no período compreendido entre 2000 e 2022, selecionados de acordo com a sua atualidade e pertinência para o tema. Completou-se a pesquisa recorrendo a websites de entidades de referência nacionais e internacionais. Incluíram-se no total 78 referências bibliográficas. Conclui-se que o Padrão Alimentar Mediterrânico, para além do impacto positivo na fertilidade, no desenvolvimento e sucesso da gravidez, na saúde da descendência, no desenvolvimento e crescimento de crianças e adolescentes e no estado nutricional em todas as fases da vida, parece ter um papel na redução da incidência de doenças cardiovasculares, metabólicas, endócrinas e neurodegenerativas.