Permanecem desafios para melhorar o estado nutricional das populações e garantir padrões de produção e consumo sustentáveis. A escala Sustainable and Healthy Eating Behaviors avalia comportamentos alimentares saudáveis e sustentáveis em jovens adultos polacos. No nosso melhor conhecimento, em Portugal, desconhece-se a existência de um instrumento que avalie estes comportamentos, de forma holística, em jovens adultos universitários. Como tal, o objetivo do estudo consistiu em traduzir e adaptar transculturalmente esta escala para esta população. Após obtenção da versão portuguesa da escala, através da tradução e retrotradução, procedeu-se à sua adaptação transcultural, com a participação de 30 jovens adultos, numa entrevista semiestruturada, com a aplicação direta da versão preliminar da escala. Depois, foram realizadas adaptações às afirmações da escala, que tinham suscitado problemas de compreensão por parte dos universitários e como resultado das sugestões feitas pelo painel de especialistas. Obteve-se a versão final da escala em língua portuguesa, pelo que será possível caracterizar os comportamentos alimentares saudáveis e sustentáveis em universitários portugueses e avaliar o impacto de projetos de educação alimentar e de políticas alimentares nesta população.
Propriedades psicométricas da Escala de AutoEficácia Alimentar Global em mulheres em tratamento de excesso de peso
Introdução: A auto-eficácia refere-se às crenças na capacidade de organizar e implementar planos de acção necessários para alcançar determinado resultado e à sensação de controlo sobre os comportamentos e ambiente. Apesar de este constructo ter algum grau de generalização quando consideradas tarefas ou comportamentos relacionados, como no caso do comportamento alimentar, apenas a Escala de Auto-Eficácia Alimentar Global avalia aspetos gerais da auto-eficácia alimentar. Este instrumento mostrou boas propriedades psicométricas em estudantes portugueses do ensino superior.
Objetivos: Estudar as propriedades psicométricas da Escala de Auto-Eficácia Alimentar Global em mulheres em tratamento de excesso de peso e estudar a relação da auto-eficácia alimentar com a idade, escolaridade e Índice de Massa Corporal.
Metodologia: Foi avaliada uma amostra de 63 mulheres acompanhadas em consultas de nutrição para tratamento de excesso de peso: idade média de 40 anos (DP = 11), escolaridade média de 9 anos (DP = 4) e Índice de Massa Corporal médio de 36,4 Kg/m2 (DP = 7,0).
Resultados: Tal como no estudo original em estudantes do ensino superior, a escala apresentou boa fiabilidade (α = 0,864) e uma estrutura unifatorial, com o fator extraído a explicar 67,4% da variância total. As associações com outros instrumentos revelaram boa validade convergente e discriminante. A pontuação na Escala de Auto-Eficácia Alimentar Global não teve correlação significativa com a idade (r = -0,004, p = 0,973), a escolaridade (r = -0,223, p = 0,090) ou o Índice de Massa Corporal (r = -0,164, p = 0,215).
Conclusões: Os resultados deste estudo indicam que a Escala de Auto-Eficácia Alimentar Global apresenta boas propriedades psicométricas em mulheres em tratamento de excesso de peso e que este instrumento parece ser adequado para uso em contextos clínicos.