Introdução: A auto-eficácia refere-se às crenças na capacidade de organizar e implementar planos de acção necessários para alcançar determinado resultado e à sensação de controlo sobre os comportamentos e ambiente. Apesar de este constructo ter algum grau de generalização quando consideradas tarefas ou comportamentos relacionados, como no caso do comportamento alimentar, apenas a Escala de Auto-Eficácia Alimentar Global avalia aspetos gerais da auto-eficácia alimentar. Este instrumento mostrou boas propriedades psicométricas em estudantes portugueses do ensino superior.

Objetivos: Estudar as propriedades psicométricas da Escala de Auto-Eficácia Alimentar Global em mulheres em tratamento de excesso de peso e estudar a relação da auto-eficácia alimentar com a idade, escolaridade e Índice de Massa Corporal.

Metodologia: Foi avaliada uma amostra de 63 mulheres acompanhadas em consultas de nutrição para tratamento de excesso de peso: idade média de 40 anos (DP = 11), escolaridade média de 9 anos (DP = 4) e Índice de Massa Corporal médio de 36,4 Kg/m2 (DP = 7,0).

Resultados: Tal como no estudo original em estudantes do ensino superior, a escala apresentou boa fiabilidade (α = 0,864) e uma estrutura unifatorial, com o fator extraído a explicar 67,4% da variância total. As associações com outros instrumentos revelaram boa validade convergente e discriminante. A pontuação na Escala de Auto-Eficácia Alimentar Global não teve correlação significativa com a idade (r = -0,004, p = 0,973), a escolaridade (r = -0,223, p = 0,090) ou o Índice de Massa Corporal (r = -0,164, p = 0,215).

Conclusões: Os resultados deste estudo indicam que a Escala de Auto-Eficácia Alimentar Global apresenta boas propriedades psicométricas em mulheres em tratamento de excesso de peso e que este instrumento parece ser adequado para uso em contextos clínicos.

 

O excesso de peso continua a ser um problema de saúde pública, sendo, por isso, importante estimular uma mudança do estilo de vida. Todavia há comumente uma forte resistência à mudança que, associada à má gestão de tempo, escolhas alimentares incorretas, falta de disciplina e motivação, comprometem a adesão à terapêutica. A aplicação de estratégias de coaching e nudging parece estar associada ao aumento da motivação, organização e controlo sobre as escolhas alimentares, preparando o doente para uma mudança de comportamento, contribuindo para a diminuição do excesso de peso, melhoria da qualidade de vida, redução da mortalidade e morbilidade e, consequentemente, diminuição dos custos em saúde, embora estudos experimentais sejam necessários para avaliar a eficácia destas estratégias no processo de perda de peso. A aplicação destas estratégias deve ter por base teorias baseadas em evidência científica e aplicadas por pessoal técnico treinado para o efeito, como psicólogos e/ou nutricionistas com formação em coaching aplicado às Ciências da Nutrição, salientando a importância de equipas multidisciplinares para uma eficaz gestão do peso.

Introdução: Estudo desenvolvido pela Universidade do Algarve, inserido no âmbito do Projeto 0290_MEDITA_5_P – “Dieta Mediterrânica Promove Saúde”, financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Operacional (POCTEP).

Objetivos: Caracterizar os hábitos alimentares, de saúde e a adesão ao padrão alimentar mediterrânico dos jovens do ensino secundário da região do Algarve.

Metodologia: Estudo descritivo transversal onde se inquiriu, em ambiente escolar, uma amostra de jovens, do 10.º ano de escolaridade, dos cursos científico-humanísticos e cursos profissionais de oito escolas secundárias da região do Algarve. Recolheu-se informação através de um questionário de autopreenchimento com cinco secções: 1) hábitos alimentares; 2) adesão ao padrão alimentar mediterrânico (Índice KIDMED); 3) prática de atividade física; 4) higiene do sono e oral; 5) características sociodemográficas. Registou-se o peso, altura, perímetro da cintura e da anca, e a pressão arterial, obtidos através de metodologias de referência.

Resultados: A amostra final incluiu 325 participantes, 47% (n=153) do sexo masculino e 53% (n=172) do sexo feminino, com idades entre 15 e 19 anos (M=16,4 anos; DP=0,89 anos). Analisou-se o percentil Índice de Massa Corporal/Idade de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde e registou-se uma prevalência de sobrecarga ponderal de 19,7%. Os resultados do Índice KIDMED (M= 6,9 pontos; DP=2,46) indicam uma baixa adesão ao padrão alimentar mediterrânico em 9,0% dos participantes, adesão intermédia em 45,5% e adesão alta em 45,5%.

Conclusões: Os resultados indicam que devem ser delineadas estratégias de educação alimentar e de promoção da saúde dirigidas à população juvenil, tendo por base a Dieta Mediterrânica.

Introdução: A obesidade está fortemente associada à morbidade e mortalidade, no entanto é menos claro o seu impacto na qualidade de vida relacionada com a saúde. Devido ao aumento da prevalência de excesso ponderal e suas consequências na saúde e qualidade de vida relacionada com a saúde torna-se importante proceder à sua avaliação.

Objetivos: Avaliar a qualidade de vida relacionada com a saúde antes e após intervenção nutricional para redução ponderal.

Metodologia Estudo analítico longitudinal com intervenção nutricional para perda de excesso ponderal/adiposidade, numa amostra de 39 utentes. A qualidade de vida relacionada com a saúde foi avaliada pela aplicação dos questionários SF-36v2 e EQ-5D-3L.

Resultados: O peso, a massa gorda e o índice de massa corporal iniciais encontraram-se negativamente associadas a pelo menos uma das dimensões avaliadas. No final da intervenção observou-se uma diminuição de medidas antropométricas e um aumento significativo na qualidade de vida relacionada com a saúde. Verificou-se um aumento do índice EQ-5D-3L com a redução do peso, de índice de massa corporal e de massa gorda.

Conclusões: A redução ponderal de apenas 4,3% numa amostra de indivíduos com índice de massa corporal médio classificado em obesidade, embora borderline (30,6 Kg/m2), foi suficiente para se observarem alterações positivas na qualidade de vida relacionada com a saúde.

Este artigo apresenta, de forma simples, a definição e fundamentos da pesquisa qualitativa, de forma a introduzir a temática da importância desta metodologia de investigação, para as ciências da nutrição e alimentação e os nutricionistas. Ao contrário da metodologia quantitativa, a pesquisa qualitativa é realizada através de uma abordagem interpretativa e naturalística do tema de estudo. Com o foco nos significados atribuídos pelos indivíduos ao objeto de estudo, a investigação qualitativa oferece um percurso científico propício à compreensão de um fenómeno tão complexo como o alimentar e nutricional. Não obstante o atual reconhecimento científico da importância da evidência qualitativa, a utilização desta metodologia é ainda muito reduzida e/ou pouco valorizada. O estabelecimento de mecanismos de educação e formação nesta temática e a elaboração de processos de colaboração interdisciplinar na realização de estudos científicos tornam-se assim vitais para o desenvolvimento da utilização desta metodologia, na área das ciências da nutrição e alimentação.

Introdução: O excesso de peso e a obesidade infantil são uma preocupação mundial. Os principais fatores associados ao excesso de peso em idade pré-escolar são o padrão alimentar e a atividade física. O Centro de Apoio Social de Mozelos é um jardim de infância onde os hábitos alimentares são supervisionados por um Nutricionista e a atividade física é oferecida gratuitamente a todas as crianças dos 2 aos 6 anos.

Objetivos: Este estudo visou investigar a prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças com idades compreendidas entre os 2 e os 6 anos.

Metodologia: Estudou-se uma amostra de 129 crianças do Centro de Apoio Social de Mozelos (3,7±1,2 anos). Realizaram-se avaliações antropométricas às crianças e aos seus progenitores. Um questionário para caracterização da amostra foi realizado aos pais. Excesso de peso e obesidade foram definidos utilizando os critérios da Organização Mundial da Saúde.

Resultados: A prevalência global de excesso de peso e obesidade nas crianças foi de 11,7% (7,8% de excesso de peso e 3,9% de obesidade). A prevalência de excesso de peso e obesidade nos pais foi de 57,8% (40,5% de excesso de peso e 17,3% de obesidade).

Conclusões: A prevalência de excesso de peso e obesidade nos pais parece ser similar à população geral portuguesa. No entanto, os resultados encontrados nas crianças parecem estar abaixo do expectável comparando com estudos similares. São necessários mais estudos longitudinais que demonstrem claramente os benefícios da abordagem conjunta da atividade física e do padrão alimentar em jardins de infância como o Centro de Apoio Social de Mozelos na prevenção/redução do excesso de peso e obesidade em crianças com idade pré-escolar.