Adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico, consumo de alimentos ultraprocessados e estudo dos fatores associados: resultados do Projeto UltraTeen

Adherence to the Mediterranean Dietary Pattern, consumption of ultra-processed foods and associated factors: results of the UltraTeen Project

Mariana Monteiro, Filipa Pereira, Marta Gaspar, Inês Jorge, Rui Poínhos, Bruno MPM Oliveira, Sara Rodrigues e Cláudia Afonso

Acta Portuguesa de Nutrição 2024, 39, 18-24 , https://dx.doi.org/10.21011/apn.2024.3904

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Resumo

Introdução: Os hábitos alimentares são uma das principais causas modificáveis de doenças crónicas não transmissíveis. A Dieta Mediterrânica é conhecida por ser um padrão alimentar protetor da saúde e sustentável. Nas últimas décadas, Portugal, tem-se distanciado deste padrão alimentar e aumentado o consumo de alimentos ultraprocessados.

Objetivos: Avaliar a adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico, o consumo de alimentos ultraprocessados e fatores associados, em crianças e adolescentes.

Metodologia: Estudo transversal, observacional descritivo. Aplicou-se um questionário, que incluía a versão portuguesa do Índice KIDMED e um Índice de consumo de alimentos ultraprocessados construído para este projeto, a uma amostra de conveniência de crianças e adolescentes com idades entre os 10 e os 19 anos. Os dados foram tratados e analisados no programa estatístico SPSS® com um nível de confiança de 95%.

Resultados: A amostra incluiu 506 participantes, sendo 54,3% do sexo feminino, com uma idade média de 14,1 anos (dp = 2,5). A adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico correlacionou-se com o consumo de alimentos ultraprocessados (r = 0,447; p < 0,001). Verificou-se uma elevada adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico por 47,8% dos participantes, média adesão por 47,2% e baixa adesão por 4,9%, sendo mais elevada nos indivíduos fisicamente ativos (η2p = 0,012; p = 0,021), nos que têm hábitos de sono à semana adequados (η2p = 0,009; p = 0,045) e nos mais novos (r = -0,112; p = 0,003). O consumo de alimentos ultraprocessados revelou uma pontuação média de 21,8 (dp = 4,8), sendo o sexo masculino (η2p = 0,031; p < 0,001) e os que passam mais tempo em frente ao ecrã (η2p = 0,170; p = 0,005) quem mais consome este tipo de alimentos.

Conclusões: Observa-se a necessidade de intervir ao nível da promoção e difusão da Dieta Mediterrânica, uma vez que parece ter impacto na diminuição do consumo de alimentos ultraprocessados, de promover a atividade física, estimular hábitos de sono adequados e mitigar o tempo que as crianças e adolescentes passam em frente aos ecrãs.


Abstract

Introduction: Dietary habits are one of the main modifiable causes of chronic non-communicable diseases. The Mediterranean Diet is known for being a health-protective and sustainable eating pattern. In recent decades, Portugal has distanced itself from this dietary pattern and increased its consumption of ultra-processed foods.


Objectives: To assess the adherence to the Mediterranean Dietary Pattern, the consumption of ultra-processed foods and associated factors among children and adolescents.


Methodology: This was a cross-sectional, descriptive observational study. A questionnaire including the Portuguese version of the KIDMED Index and a ultra-processed foods consumption index was administered to a convenience sample of children and adolescents aged between 10 and 19. The data was processed and analyzed using the SPSS® with a 95% confidence level.


Results: The sample included 506 participants, 54.3% of whom were females, with an average age of 14.1 years (SD = 2.5). Adherence to the Mediterranean Dietary Pattern was correlated with ultra-processed foods consumption (r = 0.447; p < 0.001). There was high adherence to the Mediterranean Dietary Pattern by 47.8% of the participants, medium adherence by 47.2% and low adherence by 4.9%, being higher among physically active individuals (η2p = 0.012; p = 0.021), those with adequate weekly sleep habits (η2p = 0.009; p = 0.045) and younger people (r = -0.112; p = 0.003). Ultra-processed foods consumption showed an average score of 21.8 (SD = 4.8), with males (η2p = 0.031; p < 0.001) and those who spend more time in front of the screen (η2p = 0.170; p = 0.005) consuming this type of food the most.


Conclusions: There is a need to intervene in the promotion and dissemination of the Mediterranean Diet, since it will have an impact on reducing the consumption of ultra-processed foods, promoting physical activity, encouraging adequate sleep habits, and mitigating the time children and adolescents spend in front of screens.



Palavras-chave: Adolescentes, Adolescents, Children, Crianças, Dieta Mediterrânica, Eating habits, Hábitos alimentares, Lifestyles, Mediterranean Diet, Sustainability, Sustentabilidade