Introdução: A interação medicamento-alimento/nutriente é um fenómeno, que merece uma atenta reflexão por parte dos profissionais de saúde, principalmente daqueles que na sua área de intervenção prescrevem, dispensam ou aconselham medicamentos e alimentos. É muito importante que esses profissionais, conheçam as particularidades (físico)-químicas dessas substâncias, para que assim, possam evitar possíveis interações entre elas, e consequentemente, garantir o sucesso terapêutico de cada doente.

Objetivos: Este estudo tem como objetivo caraterizar o conhecimento dos profissionais da saúde, nomeadamente nutricionistas e profissionais da área de farmácia, sobre interações entre medicamentos e alimentos.

Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, recorrendo a um inquérito por questionário, enviado a profissionais de saúde que na sua área de intervenção se deparam com os riscos potenciais da interação entre medicamentos e alimentos.

Resultados e conclusões: A análise dos resultados obtidos demonstra que os profissionais da área da farmácia, têm pouco conhecimento sobre as interações que podem ocorrer entre os medicamentos e os alimentos. Ainda que com algumas lacunas no conhecimento, os resultados indicam que os nutricionistas demonstram ter maior conhecimento sobre este tema. Considerando os resultados obtidos, e para otimizar o uso do medicamento, é importante desenvolver mecanismos que contribuam para aumentar o conhecimento dos profissionais de saúde sobre as interações entre medicamentos e alimentos.

As contínuas alterações demográficas colocam-nos perante uma população cada vez mais envelhecida e com necessidades crescentes de cuidados alimentares, tanto numa ótica de cuidados de saúde, como de fornecimento de refeições, necessidade frequentemente suprida por serviços de alimentação coletiva. A qualidade nutricional e alimentar da oferta assume-se como um determinante major na saúde e satisfação dos idosos, sendo o plano de ementas uma das mais importantes ferramentas de gestão na área. Para que seja promovida uma oferta alimentar adequada, é essencial a existência de orientações que a balizem e que sejam alvo de atualização e melhoria contínua. A envolvência de nutricionistas no processo possibilita a revisão por pares e uma maior adaptação à realidade, permitindo obter ferramentas que auxiliem na tomada de decisão e na sustentação do trabalho desenvolvido.

O presente estudo tem como objetivo explorar a perceção e os contributos de nutricionistas sobre o documento “Proposta de Ferramenta de Avaliação Qualitativa de Ementas destinadas a Idosos”, visando uma proposta de atualização. Foi adotada uma metodologia qualitativa através da realização de grupos focais a partir de uma amostra por conveniência, constituída por 38 nutricionistas. Os resultados sugerem que, apesar de ser considerada útil, a ferramenta carece de atualização para uma maior adaptação à faixa etária e à realidade prática. Da análise de critérios específicos, os participantes identificam vários de difícil cumprimento (ex. oferta equitativa de métodos de confeção, não repetição de fruta, oferta de oleaginosas, refeições de ovo e de massa ou arroz integral), partilhando os motivos para tal. Sugerem ainda a necessidade de inclusão de critérios para alimentação de textura modificada e refletem acerca de possíveis melhorias na própria dinâmica de aplicação da ferramenta. Em suma, a discussão promovida deixa importantes contributos para uma possível atualização da ferramenta, numa ótica de maior ajuste à faixa etária e de inclusão de critérios sobre tópicos emergentes.