Introdução: O desperdício alimentar tem vindo a tornar-se uma prioridade política nos últimos anos devido ao seu impacto na economia, meio ambiente e estado nutricional e de saúde das populações. No contexto escolar, a avaliação do desperdício alimentar é fulcral, uma vez que pode refletir um consumo alimentar inadequado por parte das crianças, comprometendo a ingestão nutricional e desenvolvimento infantil saudável.

Objetivos: Avaliar e caraterizar o desperdício alimentar, sob a forma de sobras e restos, produzido nas refeições servidas ao almoço, durante três dias não consecutivos nos refeitórios de cinco escolas públicas do ensino básico pré-escolar e 1.º ciclo (EB1/JI), localizadas no Município de Faro.

Metodologia: Os alimentos produzidos e desperdiçados foram separados e pesados por componentes agregados. A amostra foi obtida através de uma seleção não probabilística e de conveniência. Estratificaram-se as escolas como rurais ou urbanas, tendo em conta a sua localização geográfica. O desperdício alimentar foi classificado de acordo com o resultado do Índice de Sobras e Índice de Restos, utilizando-se as classificações de Vaz (2006) e Aragão (2005), respetivamente.

Resultados: Verificou-se que o valor médio de desperdício alimentar total foi de 40,2% ± 7,3% e que os valores médios totais do Índice de Sobras e Índice de Restos excederam os limites aceitáveis (15,2% ± 7,3% e 25,0% ± 5,7%, respetivamente). Considerando os componentes, os hortícolas foram os mais desperdiçados em ambas as zonas (71,2% ± 31,6%, urbana; 98,7% ± 13,7%, rural). Observou-se que o consumo de hortícolas foi significativamente inferior nas escolas da zona rural quando comparado ao seu consumo nas escolas da zona urbana (1,3% ± 5,6% e 28,7% ± 31,2%, respetivamente; p = 0,039).

Conclusões: A necessidade de implementação de medidas corretivas com vista à redução do desperdício alimentar é urgente, através da formação profissional dos trabalhadores dos refeitórios escolares, da melhoria das ementas e da promoção do consumo alimentar das crianças, especialmente no que diz respeito aos alimentos do grupo dos hortícolas.

Introdução: De forma a contribuir para a diminuição da incidência e prevalência das doenças relacionadas com os hábitos alimentares, implementou-se o Projeto de Otimização das Dietas Escolares que pretende contribuir para uma oferta alimentar escolar alinhada com as premissas de uma alimentação saudável.

Objetivos: Comparar qualitativa e quantitativamente a oferta alimentar escolar referente à refeição do almoço considerando os modelos de gestão direta e concessionada.

Metodologia: Estudo observacional de desenho transversal. O Projeto de Otimização das Dietas Escolares, implementado em 34 escolas do ensino público do distrito de Viana do Castelo, tem como objetivo garantir a oferta de refeições variadas, normoenergéticas, nutricionalmente equilibradas e que garantam os critérios de higiene e segurança alimentar. Analisaram-se dados correspondentes a uma avaliação mensal de cada escola, entre 2014 e 2019.

Resultados: Os refeitórios com gestão direta cumpriram maior percentagem (82%), em mediana, de critérios qualitativos do Projeto de Otimização das Dietas Escolares, relativamente aos de gestão concessionada (p = 0,022). Todos os refeitórios com gestão direta cumpriram a periodicidade de oferta de peixe rico em ómega-3 (ω3) exigida. Estes utilizaram uma maior quantidade de gordura e gordura saturada comparativamente aos de gestão concessionada (p = 0,030 e 0,040, respetivamente). O contrário ocorreu na oferta de fibra (p = 0,016).

Conclusões: Considerando a avaliação qualitativa, os refeitórios com gestão direta cumpriram melhor os critérios do Projeto de Otimização das Dietas Escolares e ofereceram peixe rico em ω3 com maior periodicidade, relativamente aos com gestão concessionada. Quantitativamente, os refeitórios com gestão concessionada ofereceram refeições com menor quantidade de gordura e gordura saturada e maior quantidade de fibra.