Introdução: Segundo o estudo Nutrition UP 65, 14,8% dos idosos portugueses encontram-se em risco de desnutrição. A realização do rastreio do risco nutricional encontra-se recomendada para todos os níveis de cuidados do Serviço Nacional de Saúde, sendo a ferramenta MUST uma das ferramentas sugeridas para a identificação do risco nutricional.
Objetivos: Promover o rastreio do risco nutricional em utentes dependentes, com idade superior a 65 anos; avaliar a aplicação do rastreio nesta população; e promover e avaliar a referenciação de utentes em risco à consulta de Nutrição.
Metodologia: Estudo de melhoria contínua da qualidade. Dimensão: qualidade técnico-científica. Unidades de estudo: alvo – utentes dependentes, com idade superior a 65 anos, inscritos na Unidade de Saúde; intervenientes – médicos, enfermeiros e secretários clínicos. A fonte de dados foi o SClínico®. Foram definidos critérios de inclusão/exclusão, critérios de avaliação e padrões de qualidade. Foram realizadas avaliações inicial, intermédia (após 3 meses) e final (após 6 meses), sendo os resultados de cada avaliação apresentados em reunião de serviço. A fase de intervenção, consistiu na aplicação das medidas corretoras previamente identificadas que consistiu em formação com Nutricionista e apresentação de resultados e propostas de melhoria. Análise estatística: Microsoft Office Excel®.
Resultados: Amostra consistiu em 31 utentes com idade média 88 anos e destes 77% pertenciam ao sexo feminino. Na avaliação intermédia todos os resultados permaneceram insuficientes. Na avaliação final atingiu-se um bom padrão de qualidade na aplicação do MUST; resultado suficiente na identificação do cuidador informal; e resultados insuficientes relacionados com domicílios médicos e referenciação à consulta de Nutrição. Dos utentes avaliados, 37% estavam em risco de desnutrição e 100% das referenciações foram avaliadas por Nutricionista.
Conclusões: Mais de 1/3 dos utentes estavam em risco de desnutrição. Alcançada melhoria no padrão de qualidade da aplicação do rastreio, maior sensibilização da equipa e boa articulação com o Serviço de Nutrição. Contudo, existe potencial de melhoria dos critérios relacionados com a equipa médica e a articulação das 3 equipas, com necessidade de melhorar a organização e registos clínicos, com monitorização regular.