A nutrição apresenta um papel fundamental na prevenção e cicatrização de úlceras por pressão. A nutrição do doente com úlceras por pressão deve ser adequada, de forma a providenciar energia e substrato suficientes, em macro e micronutrientes, para suportar as necessidades aumentadas, derivadas da presença de uma lesão cutânea.

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica nos motores busca PubMedGoogle ScholarScopus e ISI Web of Knowledge com as palavras-chave “nutrition” e “supplementation” associadas a “pressure injuries” e “pressure wounds”.

As carências nutricionais impedem o normal processo de cicatrização, pelo que, o fornecimento adequado do substrato energético-proteico é a base da terapêutica nutricional. Muitos dos estudos analisados apontam benefícios para utilização de nutrientes específicos, porém têm limitações metodológicas. No entanto, são necessários mais estudos para reforçar as recomendações nutricionais específicas.

Apesar de o papel da nutrição ser reconhecido na prevenção e no tratamento das úlceras por pressão, é de extrema importância que a avaliação e intervenção nutricional sejam precoces.

Objectives: To investigate the prevalence of sarcopenia according to five cut-off points for muscle strength and the association with undernutrition in Community dwelling older adults.

Methodology: Cross-sectional study with 321 elderly subjects from community centers in Cuiabá-MT. The main variable was the prevalence of sarcopenia and association with undernutrition. Sarcopenia was diagnosed by low muscle strength (grip strength – GS; kg) according to five cut-off points and low calf circumference (CC; cm). Nutritional status was assessed by mini nutritional assessment-short form (MNA-SF®).

Results: The median age was 69 (64-74) years, and 24.7% were undernourished. The presence of sarcopenia ranged from 1.6 to 7.6%. This prevalence was lower using EWGSOP2 criteria compared to EWGSOP (p=0.005) and ESCEO and SDOC criteria (p<0.001). The older undernourished adults were almost 3.5 times more likely to have sarcopenia (OR=3.49; p=0.003) when ESCEO criteria was used and almost 2.5 times (OR=2.43; p=0.037) times using SDOC criteria.

Conclusions: The prevalence of sarcopenia ranged from 1.6 to 7.6%. The older undernourished adults were almost 3.5 (ESCEO) and 2.5 (SDOC) times more likely to have sarcopenia.

Introdução: A perda de peso e a desnutrição são complicações frequentes no doente oncológico com necessidades paliativas, dada a severidade e o impacto da doença e os tratamentos associados. A literatura demonstra que a implementação de um plano de cuidados onde existe a integração de rotinas de identificação e avaliação do risco nutricional, em fases precoces da progressão da doença oncológica, parece melhorar a qualidade de vida e sobrevida dos doentes com este diagnóstico. Desta forma, é importante conhecer a realidade atual em cuidados paliativos oncológicos, para que se possam adotar protocolos de rastreio e avaliação nutricional mais assertivos e proativos.

Objetivos: Rever a evidência científica publicada acerca do estado nutricional dos doentes oncológicos em cuidados paliativos, aos quais foram aplicadas ferramentas de rastreio nutricional, de forma a avaliar a necessidade de implementar protocolos de rastreio nutricional e, caso necessário, avaliação nutricional.

Metodologia: Pesquisou-se em 3 bases de dados (MEDLINE, Web of Knowledge, Scopus) através das palavras-chave “nutrition screening tools AND “cancer” AND “palliative care”. A pesquisa decorreu no dia 31 de maio de 2021 e foram encontrados 37 artigos. 5 artigos preencheram os critérios pré-selecionados para a população e para a intervenção.

Resultados: De acordo com os artigos contemplados, as ferramentas utilizadas para detetar risco nutricional são várias e, apesar de algumas avaliarem diferentes parâmetros, todas elas são fidedignas para chegar a um resultado que vai influenciar a qualidade de vida do doente, ao possibilitar uma atuação precoce, bem como uma intervenção alimentar e nutricional em todas as fases da doença. A literatura defende o uso da PG-SGA para a população oncológica paliativa, referindo-a como uma ferramenta com boa sensibilidade e especificidade, prática que engloba diferentes tipos de dados.

Conclusões: Apesar de serem conhecidos e comprovados os benefícios da realização do rastreio nutricional nos doentes oncológicos, quando se especifica para a população paliativa, ainda não existem dados na literatura que evidenciem e suportem esta prática clínica. Desta forma, salienta-se a importância de reforçar os estudos para fundamentar a necessidade da utilização de ferramentas de avaliação do risco nutricional em doentes oncológicos paliativos.

 

Introdução: Os idosos em estruturas residenciais apresentam elevada prevalência de desnutrição, fragilidade e sarcopenia, condições que podem ter implicações negativas na atual pandemia COVID-19.

Objetivos: Proceder a uma revisão de escopo de forma a mapear a evidência da desnutrição, fragilidade e sarcopenia como fator prognóstico da COVID-19 em idosos institucionalizados.

Metodologia: Análise da literatura publicada entre maio e setembro de 2020 na base de dados eletrónica Pubmed, utilizando os termos “covid 19”, “nursing homes”, “malnutrition”, “frailty” e “sarcopenia”, de acordo com as recomendações PRISMA-ScR.

Resultados: Dos 14 estudos selecionados, 3 analisaram o prognóstico da COVID-19 em estruturas residenciais para idosos, 2 investigaram a progressão da COVID-19 em idosos com desnutrição e 9 com fragilidade. A revisão da literatura sugere os funcionários como vetor importante na transmissão e propagação do coronavírus em idosos institucionalizados e a elevada mortalidade parece estar relacionada com complicações da própria doença. Os idosos em risco nutricional apresentam piores outcomes clínicos enquanto os frágeis são associados a outras causas de morte não relacionadas com complicações da COVID-19. Desconhecem–se as implicações da sarcopenia na evolução da COVID-19.

Conclusões: A evidência atual é insuficiente para se estabelecer uma associação entre a desnutrição, fragilidade e sarcopenia e o prognóstico da infeção pelo novo coronavírus em idosos institucionalizados. No entanto, a recente pandemia veio reforçar a vulnerabilidade desta população e a necessidade da avaliação e intervenção nutricional nos cuidados geriátricos, sendo também necessária mais investigação que relacione a nutrição e a COVID-19 em estruturas residenciais para pessoas idosas.

Introdução: O processo de envelhecimento leva a alterações fisiológicas, entre outras, que se repercutem na saúde e nutrição da população idosa, bem como na deterioração do seu estado funcional.

Objetivos: Avaliar o estado nutricional e funcional de idosos hospitalizados na clínica médica de um hospital escola.

Metodologia: Estudo quantitativo, transversal, com 55 indivíduos hospitalizados com idade ≥ 60 anos, de ambos os sexos. Os sujeitos da pesquisa foram caracterizados quanto aos aspetos sociodemográficos, cujas informações foram colhidas por entrevista direta, onde foi adotado índice de Katz para avaliar o estado funcional, a miniavaliação nutricional e medidas antropométricas para avaliação do estado nutricional. O programa Statistical Package for Social Sciences 13.0 foi utilizado para o tratamento estatístico, considerando-se significativo o valor de p < 0,05 para todos os testes.

Resultados: Foram avaliados 55 idosos, com idades entre 61 e 86 anos, sendo a maioria do sexo masculino (52,7%). Observou-se que 56,4% e 21,8% da amostra se encontrava sob risco de desnutrição ou desnutridos, respetivamente, pela miniavaliação nutricional, enquanto 34,5% apresentava baixo peso pelo índice de massa corporal. Quanto ao estado funcional, apenas 38,2% da amostra apresentou independência para as atividades de vida diária. Na análise de associação entre o estado nutricional e funcional, constatou-se que 88,2% dos idosos que apresentavam algum grau de dependência funcional estavam desnutridos ou sob risco de desnutrição.

Conclusões: O estudo mostra uma elevada percentagem de idosos desnutridos ou em risco de desenvolver desnutrição, os quais apresentam também alguma limitação no seu estado funcional. Encontrou-se ainda uma associação entre a desnutrição e a redução da capacidade funcional dos idosos hospitalizados. Revela-se fundamental que a equipa multidisciplinar esteja atenta ao diagnóstico e intervenção precoce, com vista à manutenção e/ou recuperação do estado nutricional e funcional, promovendo uma melhor qualidade de vida ao idoso e evitando prognósticos desfavoráveis.

Introdução: Na pandemia de COVID-19, os idosos são considerados uma população de risco acrescido. Situação que se agrava na presença de desnutrição e sarcopenia. A vitamina D pode ser uma potencial adjuvante na prevenção e tratamento de doentes com infeções virais respiratórias, que normalmente apresentam baixos níveis de vitamina D. A suplementação de vitamina D em doentes com COVID-19, poderá ser um passo importante na prevenção e disseminação da infeção.

Objetivos: Analisar a evidência sobre a suplementação de vitamina D em idosos com desnutrição, sarcopenia e COVID-19.

Metodologia: Analisar a literatura publicada na base de dados eletrónica Pubmed nos últimos 5 anos, utilizando as palavras-chave “covid-19”, “elderly”, “malnutrition”, “sarcopenia” e “vitamin D”. A pesquisa foi realizada entre abril e maio de 2020.

Resultados: A suplementação de vitamina D, em caso de carência, demonstrou um efeito benéfico na melhoria da função muscular e na redução da severidade e mortalidade por infeções respiratórias. Quando associada à proteína e ao exercício físico, apresentou um possível efeito sinérgico na quantidade e qualidade muscular. Em doentes com COVID-19, nas quais foram relatadas concentrações mais baixas de 25 (OH) D, verificou-se um aumento da mortalidade e da incidência da doença.

Conclusões: A evidência existente é pouco conclusiva e não é suficiente para estabelecer uma relação direta entre a deficiência de vitamina D e o risco de incorrer em COVID-19 no futuro. São necessários ensaios clínicos na população humana para estudar essa hipótese e inclusive perceber a influência da malnutrição e sarcopenia.

O Nutriscore é a única ferramenta de rastreio da desnutrição desenhada especificamente para doentes oncológicos em ambulatório. Dado que não existe uma versão em português, o objetivo deste estudo foi produzir uma tradução Portuguesa validada. Foram seguidas as recomendações da International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research, tendo-se cumprido os dez passos: preparação, tradução, reconciliação, retrotradução, revisão da retrotradução, harmonização, avaliação da compreensão, revisão, finalização e produção do relatório final. A ferramenta foi aplicada a uma amostra de 46 doentes com patologia oncológica, seguida em ambulatório. Conclui-se, assim, que a versão em Português do Nutriscore mantém os conceitos e equivalência da ferramenta original, é de fácil compreensão e aplicação, com boa aceitabilidade e validade aparente. Esta versão terá utilidade para determinar o risco de desnutrição em doentes oncológicos seguidos em ambulatório em Portugal e eventualmente noutros locais onde seja usada a língua Portuguesa.

O Nutritional Risk Screening (NRS 2002) é um instrumento que foi desenvolvido pela Danish Society for Parenteral and Enteral Nutrition. Trata-se de um sistema válido que permite detetar a presença do risco de desnutrição ou de desnutrição em indivíduos hospitalizados e que é aplicado pelos profissionais de saúde. Procedeu-se ao desenvolvimento de uma versão para a língua Portuguesa do NRS 2002 com equivalência linguística e cultural ao original, recorrendo à metodologia proposta pela Organização Mundial da Saúde “Processo de tradução e de adaptação de instrumentos”. Realizou-se uma tradução avançada e a retrotradução, através das seguintes etapas: tradução (1.ª etapa), retrotradução efetuada por um ou mais especialistas (2.ª etapa), pré-teste (3.ª etapa) e preparação da versão final (4.ª etapa). Este artigo tem como objetivo divulgar este processo e também a versão Portuguesa do NRS 2002.

Este artigo apresenta, de forma simples, a definição e fundamentos da pesquisa qualitativa, de forma a introduzir a temática da importância desta metodologia de investigação, para as ciências da nutrição e alimentação e os nutricionistas. Ao contrário da metodologia quantitativa, a pesquisa qualitativa é realizada através de uma abordagem interpretativa e naturalística do tema de estudo. Com o foco nos significados atribuídos pelos indivíduos ao objeto de estudo, a investigação qualitativa oferece um percurso científico propício à compreensão de um fenómeno tão complexo como o alimentar e nutricional. Não obstante o atual reconhecimento científico da importância da evidência qualitativa, a utilização desta metodologia é ainda muito reduzida e/ou pouco valorizada. O estabelecimento de mecanismos de educação e formação nesta temática e a elaboração de processos de colaboração interdisciplinar na realização de estudos científicos tornam-se assim vitais para o desenvolvimento da utilização desta metodologia, na área das ciências da nutrição e alimentação.

Introdução: As crianças admitidas no hospital têm um elevado risco de desenvolver desnutrição, especialmente as que possuem uma doença subjacente. Assim, o rastreio do risco nutricional, quando aplicado precoce e atempadamente, permite ao profissional de saúde realizar uma abordagem nutricional adequada, prevenindo ou corrigindo a desnutrição, bem como possíveis complicações decorrentes de uma alteração do estado nutricional.

Objetivos: Identificar o risco nutricional e caracterizar o estado nutricional das crianças internadas.

Metodologia: Realizou-se um estudo transversal, no período de 25 de maio a 23 de julho de 2015, constituído por 63 crianças, com idades compreendidas entre 1 e 17 anos completos. Procedeu-se à aplicação da ferramenta de rastreio STRONGkids e à recolha da altura e do peso e ao cálculo do Índice de Massa Corporal. De seguida, calcularam-se os z-scores do peso-para-estatura, estatura-para-idade, peso-para-idade e Índice de Massa Corporal, que foram comparados com os pontos de corte recomendados pela Organização Mundial da Saúde, de forma a avaliar a existência de desnutrição e caracterizar o estado nutricional no momento da admissão hospitalar.

Resultados: O rastreio da desnutrição evidenciou que 58,7% tinham um risco médio e 3,2% alto risco de desnutrição, porém apenas 7,7% destas é que estavam desnutridas. A prevalência de desnutrição foi de 6,3%, 65,1% eram crianças eutróficas e 33,3% tinham excesso de peso/obesidade.

Conclusões: O estado nutricional nem sempre se correlaciona com o risco nutricional atual. Efetivamente, no momento da admissão hospitalar, o estado nutricional pode ainda não se encontrar afetado, mesmo existindo elevado risco de desnutrição. Dessa forma, este rastreio é essencial e crucial para a vigilância do estado nutricional em doentes com risco de desnutrição.