Introdução: A baixa Literacia em Saúde está associada a piores resultados em saúde, sobretudo em idosos, cuja faixa etária tem elevada representação em Portugal. A alimentação é outro fator que influencia resultados em saúde e é essencial para um envelhecimento com qualidade. Assim, estes são dois conceitos de relevância para monitorização e intervenção por profissionais de saúde.

Objetivos: Verificar a relação entre o nível de Literacia em Saúde e o nível de adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico em alunos de Universidades Séniores e analisar o possível impacto de fatores sociodemográficos nestas variáveis.

Metodologia: Tratou-se de um estudo observacional analítico, transversal. A amostra do estudo foi constituída por 114 alunos de cinco Universidades Séniores portuguesas, da Região Centro e Área Metropolitana de Lisboa. Os participantes tinham idades compreendidas entre 54 e 88 anos (69,62 ± 6,51), sendo que 79 indivíduos (69%) são do sexo feminino e os restantes 35 do sexo masculino. Foram aplicados vários questionários, um de avaliação sociodemográfica, outro para avaliar o nível de adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico (PREDIMED) e ainda um outro para aferir o nível de Literacia em Saúde (HLS-EU-PT). Para o tratamento estatístico recorreu-se ao software SPSS versão 27.0.

Resultados: Aferiu-se que a maioria dos participantes possuía um nível “Problemático” de Literacia em Saúde (58,5%) e “Baixa Adesão” ao Padrão Alimentar Mediterrânico (66%).

Conclusões: Os resultados obtidos relativamente à relação entre o nível de Literacia em Saúde e o nível de adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico, não foram estatisticamente significativos. O mesmo verificou-se para a relação destes níveis com as variáveis sociodemográficas.

A literacia alimentar consiste na capacidade do indivíduo obter, processar e entender informação relevante sobre alimentação e de utilizar os seus conhecimentos na tomada de decisão sobre o consumo alimentar, em diferentes contextos. Deste modo, maiores competências de Literacia Alimentar permitem navegar mais eficazmente nos sistemas alimentares cada vez mais complexos, e deste modo, capacitar os indivíduos para atuarem de forma autónoma na tomada de decisão contribuindo para escolhas alimentares mais salutares.

Foi objetivo deste trabalho desenvolver uma matriz teórica que combine os domínios da Literacia Alimentar com as competências relacionadas com o processamento de informação.

O desenvolvimento da matriz teve por base o conteúdo de uma revisão sistemática da literatura sobre definições de Literacia Alimentar, bem como um artigo de compilação de mapas conceptuais de Literacia Alimentar, extraindo-se daqui os domínios de Literacia Alimentar mais prevalentes. Posteriormente, por analogia a uma matriz de Literacia em Saúde, foi realizada uma adaptação aos domínios da Literacia Alimentar.

De modo a combinar os domínios da Literacia Alimentar (Planeamento e Gestão, Seleção, Preparação e Consumo) com as competências relacionadas com o processamento de informação (Aceder, Compreender, Avaliar, Aplicar), desenvolveu-se uma matriz teórica constituída por 16 dimensões de Literacia Alimentar.

Esta matriz poderá servir de base para o desenvolvimento de ferramentas de avaliação de Literacia Alimentar que incluam de forma extensiva estes conceitos e para o desenvolvimento de intervenções comunitárias e de políticas de saúde pública com vista na capacitação da tomada de decisão e mudanças do comportamento alimentar individual e coletivo.