Introdução: Estudo desenvolvido pela Universidade do Algarve, inserido no âmbito do Projeto 0290_MEDITA_5_P – “Dieta Mediterrânica Promove Saúde”, financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Operacional (POCTEP).

Objetivos: Caracterizar os hábitos alimentares, de saúde e a adesão ao padrão alimentar mediterrânico dos jovens do ensino secundário da região do Algarve.

Metodologia: Estudo descritivo transversal onde se inquiriu, em ambiente escolar, uma amostra de jovens, do 10.º ano de escolaridade, dos cursos científico-humanísticos e cursos profissionais de oito escolas secundárias da região do Algarve. Recolheu-se informação através de um questionário de autopreenchimento com cinco secções: 1) hábitos alimentares; 2) adesão ao padrão alimentar mediterrânico (Índice KIDMED); 3) prática de atividade física; 4) higiene do sono e oral; 5) características sociodemográficas. Registou-se o peso, altura, perímetro da cintura e da anca, e a pressão arterial, obtidos através de metodologias de referência.

Resultados: A amostra final incluiu 325 participantes, 47% (n=153) do sexo masculino e 53% (n=172) do sexo feminino, com idades entre 15 e 19 anos (M=16,4 anos; DP=0,89 anos). Analisou-se o percentil Índice de Massa Corporal/Idade de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde e registou-se uma prevalência de sobrecarga ponderal de 19,7%. Os resultados do Índice KIDMED (M= 6,9 pontos; DP=2,46) indicam uma baixa adesão ao padrão alimentar mediterrânico em 9,0% dos participantes, adesão intermédia em 45,5% e adesão alta em 45,5%.

Conclusões: Os resultados indicam que devem ser delineadas estratégias de educação alimentar e de promoção da saúde dirigidas à população juvenil, tendo por base a Dieta Mediterrânica.

Ancel Keys deu nome à Dieta Mediterrânica e, desde esse marco, muitos foram os estudos científicos efetuados, os acontecimentos marcantes e os avanços neste modelo cultural. Conhecer estes marcos significa perceber um pouco melhor o contexto em que a definição da Dieta Mediterrânica se desenvolveu ao longo dos anos, sendo um dos acontecimentos mais marcantes a distinção como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.

Este artigo percorre a história da Dieta Mediterrânica desde a génese da sua designação, revelando que a distinção atribuída veio criar a oportunidade para a população reencontrar a Dieta Mediterrânica e promover a aproximação de povos e regiões, preservar culturas e reforçar a sustentabilidade no setor agroalimentar.

O maior desafio passará pela capacidade de conciliação das diversas dimensões da Dieta Mediterrânica de forma harmoniosa, verificando-se, em simultâneo, uma preservação do Património Cultural inerente à Dieta Mediterrânica, acompanhada da sua promoção para as novas gerações, para que o conceito não se deteriore e perca.

Introdução: As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal. Vários estudos referem o Padrão Alimentar Mediterrânico como protetor das doenças cardiovasculares.

Objetivos: Aferir a adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico e caracterizar o estado nutricional de uma amostra de doentes internados no Hospital Espírito Santo de Évora, E.P.E. que sofreram enfarte agudo do miocárdio.

Metodologia: Estudo transversal. Amostra composta por 42 doentes com enfarte agudo do miocárdio internados no Hospital Espírito Santo de Évora, E.P.E., entre fevereiro e abril de 2018. Aferiu-se a escolaridade e mediu-se o peso, a altura e o perímetro abdominal. Para aferir a adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico foi aplicado o MedDietScore e para caracterizar a alimentação foi aplicado um Questionário de Frequência Alimentar, previamente validado para a população adulta portuguesa.

Resultados: A média de idades dos homens e mulheres foi de 65,3 anos±10,2 e de 70,5 anos±11,3, respetivamente. O índice de massa corporal da amostra teve uma média de 28,5 Kg/m2±4,6 (no caso das mulheres de 29,6 Kg/m2±5,4 e no caso dos homens de 28,0 Kg/m2±4,3). Dos 25 idosos, 64% apresentou excesso de peso e dos 17 adultos, 76,5% apresentou excesso de peso. A mediana do perímetro abdominal dos homens foi de 100,0 cm e a mediana do perímetro abdominal das mulheres foi de 102,0 cm. Foi encontrado um perímetro abdominal >88 cm em 100% das mulheres. Nos homens, 44,8% possuía um perímetro abdominal >102 cm e em 24,1% foi encontrado um perímetro abdominal >94 cm. Apenas 19,1% dos inquiridos apresentaram uma adesão elevada ao Padrão Alimentar Mediterrânico. O consumo de carne vermelha foi superior ao consumo de carne branca ou de peixe [64,3 (P25=17,13; P75=77,15) g/dia vs. 31,7(P25=12,0; P75=68,6) g/dia e 14,3(P25=6,9; P75=31,4) g/dia].

Conclusões: A maioria da amostra apresentou excesso de peso (69,0%), possuía um perímetro abdominal com risco de doenças cardiovasculares associado e 80,9% não apresentou uma elevada adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico.

A Dieta Mediterrânica é caracterizada pela abundância de nutrimentos e substâncias com atividade antioxidante e anti-inflamatória, tendo sido implicada na prevenção do envelhecimento celular e de várias doenças crónicas. O conhecimento sobre a influência global desses nutrimentos na fisiologia celular e humana é crucial para uma melhor compreensão acerca dos benefícios da adesão à Dieta Mediterrânica na saúde e doença. Nesse sentido, as tecnologias “ómicas” são ferramentas analíticas muito atrativas uma vez que fornecem informação molecular funcionalmente inter-relacionada, facultando um nível de conhecimento amplo e integrado sobre a ação desses nutrimentos. Contudo, a aplicação dessa abordagem metodológica ao estudo dos benefícios da adesão à Dieta Mediterrânica é presentemente limitada, em parte devido à sua complexidade científica e sofisticação tecnológica. O presente trabalho estabelece a perspetiva histórica dos principais avanços científicos e tecnológicos subjacentes à Genómica Nutricional. Adicionalmente, analisa a contribuição desta área emergente das Ciências da Nutrição para a elucidação dos mecanismos de ação da Dieta Mediterrânica e para a evolução da nutrição personalizada.