Introdução: A desnutrição hospitalar está presente entre 30 a 50% dos doentes internados. A baixa aceitabilidade da dieta oral hospitalar, agravada por barreiras que interferem na ingestão, pode agravar a desnutrição.

Objetivos: Avaliar as barreiras que interferem na ingestão da dieta oral hospitalar em doentes desnutridos graves.

Metodologia: Estudo de coorte prospectivo, realizado num Hospital Universitário (Cuiabá-MT, Brasil), com doentes adultos. Comparou-se o estado nutricional com barreiras físicas, aquelas relacionadas com a satisfação nas refeições e com os sinais e sintomas que podem interferir na ingestão da dieta oral hospitalar.

Resultados: Foram estudados 85 doentes, com idade média de 46,5 (±16,2) anos, sendo 52,9% (n=45) do sexo masculino. Vinte e dois (25,9%) doentes apresentavam diagnóstico de desnutrição grave. Entre os desnutridos graves, mais de 35% ingeriram 50% ou menos da dieta oral hospitalar (36,4 vs. 25,7%; p-valor=0,392). Os desnutridos graves permaneceram internados pelo menos um dia a mais [15 (6-36) vs. 14 (2-34); p=0,022] do que os doentes em risco/moderadamente desnutridos. Entre as barreiras estudadas, encontraram-se diferenças significativas na dificuldade em alimentar-se sozinho (22,7 vs. 3,2%; p=0,004) e na presença de dor (36,4 vs. 14,3%; p=0,026) entre os desnutridos graves e os em risco/moderadamente desnutridos.

Conclusões: Das barreiras estudadas para a ingestão da dieta oral hospitalar, a dor e a dificuldade para se alimentarem sozinhos parecem ser as mais frequentes nos doentes desnutridos graves.