Introdução: Múltiplos fatores comportamentais e de estilo de vida, incluindo comportamentos alimentares problemáticos, interagem no desenvolvimento e manutenção do excesso de peso e obesidade em adultos.

Objetivos: O presente estudo teve como objetivos descrever as principais características de uma amostra comunitária recolhida durante uma Campanha de Sensibilização para a Obesidade, ao nível de variáveis antropométricas, sociodemográficas, de estilo de vida, e de comportamentos alimentares problemáticos. Além disso, foram também exploradas as associações entre Índice de Massa Corporal, idade, género, alimentação, consumo de bebidas açucaradas e comportamentos alimentares problemáticos.

Metodologia: A amostra foi constituída por 109 indivíduos (59% mulheres, idade 39,7 ± 15,5 anos; Índice de Massa Corporal 24,8 ± 3,6) que aceitaram participar numa Campanha de Sensibilização para a Obesidade promovida num centro comercial no norte de Portugal. Índice de Massa Corporal e comportamentos alimentares problemáticos (comer de forma descontrolada, fome emocional e restrição cognitiva) foram as principais medidas avaliadas.

Resultados: Participantes com obesidade apresentaram pontuações mais elevadas nas subescalas de ingestão alimentar compulsiva e fome emocional, quando comparados a participantes com excesso de peso e Índice de Massa Corporal normal. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os géneros, grupos etários (18-28; 29-39; 40-50; 51-61; ≥62 anos) e comportamentos alimentares problemáticos.

Conclusões: Os resultados parecem sustentar a existência de uma associação positiva entre comportamentos alimentares problemáticos e a ingestão de alimentos/bebidas não saudáveis, que podem, consequentemente, levar a um aumento da ingestão calórica e a dificuldades no controle de peso. Os dados encontrados alertam os clínicos para a importância de avaliar comportamentos alimentares problemáticos em indivíduos com obesidade, fornecendo informações úteis para personalizar recomendações clínicas e estratégias de intervenção, principalmente no que diz respeito às associações entre ingestão alimentar (alimentos/bebidas) e comportamentos alimentares problemáticos.