EDITORIAL

Nuno Borges

Acta Portuguesa de Nutrição 2019, 16, 02 , https://dx.doi.org/10.21011/apn.2019.1601

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Resumo

São já quatro os anos que leva a Acta Portuguesa de Nutrição, tempo este em que temos assistido a muitos e importantes avanços no conhecimento nas Ciências da Nutrição. Quatro anos em que também a profissão de Nutricionista e a sua expressão e relevância na nossa sociedade têm acompanhado o crescente interesse das populações em tudo o que diz respeito à alimentação, sobretudo como fator decisivo na promoção e preservação da saúde. O próprio poder político tem, naturalmente, acompanhado esta tendência e mesmo com os inevitáveis contratempos, recuos e hesitações, estamos hoje num ponto de reconhecimento social da importância da alimentação que era impensável há apenas poucas décadas. Destacamos, a este propósito, as recentes iniciativas no campo da limitação da publicidade a alimentos dirigida a crianças ou o acordo entre o Estado e a indústria alimentar para redução do teor de sal ou açúcar em alguns produtos.

É dentro deste contexto que surgem também formas diferentes de abordar a nutrição e a alimentação, abordagem esta nem sempre feita segundo a melhor evidência científica disponível ou sequer por profissionais devidamente habilitados. Dois artigos publicados na presente edição da Acta Portuguesa de Nutrição exploram, sob ângulo distinto, a questão ligada à utilização de suplementos alimentares. Muitas vezes promovidos e utilizados como a “bala mágica” que vai resolver problemas de toda a sorte e fazendo pelo caminho florescer um negócio de avultadas proporções, podemos com segurança dizer que as situações que justificam racionalmente o seu uso são bem menos frequentes do que as que observamos. Mais ainda, existe hoje abundante evidência de que, mesmo para suplementos ditos “naturais”, o risco de efeitos adversos está sempre presente, seja pelo efeito do próprio suplemento seja pelas interações com outros suplementos ou, sobretudo, medicamentos. E como sempre, será sempre a melhor evidência científica que poderá guiar o profissional de nutrição por entre o complexo labirinto de informação a que todos estamos expostos. Só assim poderemos continuar a construir uma profissão com bases sólidas e, por conseguinte, respeitada pela sociedade que servimos.

É precisamente este o valor da Nutrição, uma ciência e uma profissão com enorme impacto em múltiplos aspetos do nosso quotidiano. E é este tema, o Valor da Nutrição, que foi escolhido para a edição deste ano do Congresso de Nutrição e Alimentação, o XVIII, e para o qual convidamos a comunidade científica a participar.