Introdução: A pandemia da COVID-19 tem levantado discussões acerca dos benefícios da vitamina D na prevenção e no tratamento da doença. Esta vitamina desempenha um papel eficaz no sistema imunológico, podendo contribuir para uma resposta adequada à infeção por SARS-CoV-2.

Objetivos: Rever a evidência científica sobre o efeito da suplementação da vitamina D nos doentes com COVID-19.

Metodologia: A pesquisa foi realizada em bases de dados eletrónicas, nomeadamente Pubmed e Web of Science, com publicações no último ano, utilizando as palavras-chave: “COVID-19” or “SARS-CoV-2” or “coronavirus”, vitamin D” and “dietary supplements”. Após aplicar os critérios de inclusão e exclusão, obtiveram-se 9 artigos.

Resultados: A suplementação da vitamina D nos doentes com COVID-19 reduziu o tempo de internamento hospitalar, a necessidade de admissão nos cuidados intensivos e de ventilação mecânica invasiva, acelerando o processo de recuperação. Estudos relatam os possíveis benefícios da suplementação como medida profilática de forma a proteger contra futuras infeções víricas.

Conclusões: A evidência científica existente demonstra resultados promissores do papel da vitamina D nos doentes com COVID-19 na redução da gravidade da doença e na melhoria do prognóstico. São necessários mais estudos na população humana para suportar esta hipótese e comprovar a eficácia.

 

Introdução: A sarcopenia é uma síndrome geriátrica que compromete a qualidade de vida e a funcionalidade dos idosos. A literatura tem recentemente suportado que a proteína do soro do leite e aminoácidos essenciais que contêm leucina e a vitamina D, em conjunto com programas de atividade física personalizadas podem exercer efeitos positivos na prevenção e tratamento da sarcopenia nos idosos.

Objetivos: Sistematizar a evidência científica sobre o efeito da suplementação com proteína do soro do leite enriquecido em leucina e da vitamina D nos idosos com sarcopenia.

Metodologia: Analisar artigos científicos em diferentes bases eletrónicas, nomeadamente “Pubmed”, “Scopus” e “Web of Science” com publicações nos últimos 5 anos, utilizando as palavras-chave: “elderly” ou “aged”, sarcopenia”, “dietary supplements”, “leucine” e “vitamin D”. Após aplicar os critérios de inclusão e exclusão, obtiveram-se 6 artigos.

Resultados: A maioria dos estudos demonstrou que a suplementação teve efeitos significativos no aumento da massa muscular e alguns na força e função musculares dos idosos sarcopenicos. Além disso, foi relatado que esta suplementação também induziu efeitos favoráveis na atenuação do estado inflamatório destes indivíduos.

Conclusões: A suplementação com aproximadamente 20 g de proteína do soro do leite enriquecido com 4 g de leucina e 800 IU de vitamina D, juntamente com programas de atividade física demonstraram efeitos benéficos na estimulação da síntese proteica e também na preservação muscular dos idosos sarcopenicos.

Introdução: A insuficiência cardíaca está associada a um grande número de fatores de risco, dentre eles a obesidade. Os fatores de risco modificáveis podem ser gerenciados para diminuir significativamente o risco para desenvolver a doença, como a investigação de biomarcadores metabólicos, como a vitamina D. No entanto, há poucas evidências nas diretrizes sobre a associação da vitamina D como fator de risco na população com insuficiência cardíaca.

Objetivos: Avaliar níveis de vitamina D como fator de risco associado à obesidade em pacientes com insuficiência cardíaca.

Metodologia: Estudo observacional, prospetivo, tipo caso-controlo, realizado em uma clínica multiprofissional especializada em insuficiência cardíaca. O diagnóstico do estado nutricional foi realizado através do questionário validado miniavaliação nutricional (MAN) e antropometria. A coleta de sangue foi realizada seguindo as recomendações de biossegurança. A distribuição dos dados foi avaliada pelos testes de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk. Foi considerado significativo valor de p<0,05. A análise estatística foi feita através do Software Statistical Package for the Social Sciences, versão 20.0.

Resultados: Avaliou-se 76 pacientes, 51,3% com classe funcional II (New York Heart Association). Em relação ao estado nutricional 58% apresentavam score de risco (MAN) e 75,1% com sobrepeso e obesidade; os níveis séricos de vitamina D são significativamente menores no grupo com obesidade (80%; p=0,003); as medidas de circunferência de cintura são significativamente maiores no grupo com obesidade (p=0,020); os scores do risco nutricional (MAN) são significativamente maiores no grupo com obesidade (p<0,001). A insuficiência de vitamina D aumentou a chance para desenvolver obesidade (OR:4,5; IC95%:[1,1-19,2]).

Conclusões: A investigação permitiu detetar que a insuficiência de vitamina D aumenta a chance para desenvolver obesidade em pacientes com insuficiência cardíaca.

Introdução: Na pandemia de COVID-19, os idosos são considerados uma população de risco acrescido. Situação que se agrava na presença de desnutrição e sarcopenia. A vitamina D pode ser uma potencial adjuvante na prevenção e tratamento de doentes com infeções virais respiratórias, que normalmente apresentam baixos níveis de vitamina D. A suplementação de vitamina D em doentes com COVID-19, poderá ser um passo importante na prevenção e disseminação da infeção.

Objetivos: Analisar a evidência sobre a suplementação de vitamina D em idosos com desnutrição, sarcopenia e COVID-19.

Metodologia: Analisar a literatura publicada na base de dados eletrónica Pubmed nos últimos 5 anos, utilizando as palavras-chave “covid-19”, “elderly”, “malnutrition”, “sarcopenia” e “vitamin D”. A pesquisa foi realizada entre abril e maio de 2020.

Resultados: A suplementação de vitamina D, em caso de carência, demonstrou um efeito benéfico na melhoria da função muscular e na redução da severidade e mortalidade por infeções respiratórias. Quando associada à proteína e ao exercício físico, apresentou um possível efeito sinérgico na quantidade e qualidade muscular. Em doentes com COVID-19, nas quais foram relatadas concentrações mais baixas de 25 (OH) D, verificou-se um aumento da mortalidade e da incidência da doença.

Conclusões: A evidência existente é pouco conclusiva e não é suficiente para estabelecer uma relação direta entre a deficiência de vitamina D e o risco de incorrer em COVID-19 no futuro. São necessários ensaios clínicos na população humana para estudar essa hipótese e inclusive perceber a influência da malnutrição e sarcopenia.

A vitamina D (calciferol) é uma pró-hormona lipossolúvel que apresenta duas formas principais – vitamina D2 (ergocalciferol) e vitamina D3 (colecalciferol). A vitamina D2 é obtida via irradiação ultravioleta B (UVB) do ergosterol, um esterol dos fungos, e a vitamina D3 é sintetizada na pele humana/animal, após exposição do 7-desidrocolesterol à radiação UVB. Ambas as formas são produzidas comercialmente e encontradas em suplementos e alimentos fortificados. Quer provenham da síntese cutânea (D3), quer da dieta (D2 e D3), ambas as vitaminas precisam de ser ativadas, o que requer duas reações de hidroxilação, uma mediada pela 25-hidroxilase e outra mediada pela 1α-hidroxilase. Assim, quer a vitamina D2 quer a D3 originam o calcitriol. Este metabolito ativo é responsável por ações biológicas caracterizadas como genómicas, mediadas pelos efeitos transcricionais do recetor de vitamina D (VDR) nos núcleos das células-alvo, e não genómicas, mediadas pelas vias rápidas de transdução de sinal induzidas pelo VDR na membrana celular e/ou citoplasma. Além das ações endócrinas do calcitriol (regulação de cálcio e fósforo, com interações ao nível dos rins, ossos, glândulas paratiroides, e jejuno), a presença ubíqua de VDR no organismo contribui para as ações autócrinas e parácrinas do calcitriol, tal como a inibição da proliferação celular, promoção da diferenciação celular (incluindo a diferenciação de queratinócitos), apoptose e regulação da resposta imune. Além disso, o calcitriol está envolvido na ação preventiva e terapêutica do cancro, nas doenças autoimunes (como a diabetes tipo 1), doenças cardiovasculares e infeções.

Atualmente, a deficiência em vitamina D é prevalente em todo o mundo. A associação entre esta deficiência e o desenvolvimento de doenças ósseas é já reconhecida; contudo, evidências mais recentes têm-na também relacionado com o aumento do risco de desenvolvimento de vários tipos de cancro.

Nos últimos anos, estudos in vitro e in vivo têm vindo a mostrar que a 1,25-dihidroxivitamina D (1,25(OH)D) é capaz de exercer efeitos anticancerígenos através da sua ligação a um recetor intracelular específico, o vitamin D receptor (VDR), o qual se encontra ativo tanto nas células benignas como nas malignas, em vários órgãos e tecidos de diversos sistemas do organismo, promovendo a transcrição de genes e a síntese de proteínas. Esta descoberta levou a um aumento do interesse clínico para a potencial utilização da vitamina D como fator adjuvante na prevenção e no tratamento do cancro.

Os autores apresentam uma revisão da literatura no que respeita aos mecanismos biológicos e bioquímicos responsáveis pelos efeitos anticancerígenos da vitamina D; e exploram pormenorizadamente estes efeitos à luz da evidência atual.