Introdução: Os comportamentos de estilo de vida considerados menos saudáveis tendem a co-ocorrer e associar-se a maior risco de desenvolver doenças crónicas.
Objetivos: Identificar padrões de estilo de vida nos jovens adultos portugueses e a sua associação com o estado nutricional e de saúde auto-percecionada.
Metodologia: Este estudo incluiu 1026 adultos jovens (18-35 anos) avaliados no Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física 2015/2016. Entrevistas assistidas por computador foram realizadas para avaliar: consumo alimentar (2*24h), bebidas alcoólicas (questionário de propensão alimentar), atividade física (IPAQ e tempo sentado), sono e tabagismo. O Healthy Eating Index foi definido seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde. Realizou-se análise de classes latentes para identificar padrões de estilo de vida e modelos de regressão logística para estimar associações entre padrões e saúde auto-reportada, excesso de peso/obesidade e razão cintura/anca.
Resultados: Identificaram-se 2 padrões: LC1 – “Comportamentos alimentares, de álcool e tabaco mais saudáveis” (63,3% Mulheres; 53,4% 18-25 anos) e LC2 – “Menos sedentários e comportamentos de álcool e tabaco menos saudáveis” (42,4% Mulheres; 61,2% 18-25 anos). Os indivíduos do padrão LC2 apresentam maior consumo de proteína, sódio, gorduras trans e saturadas, no entanto, estas associações são dependentes da ingestão energética. Após ajuste para confundidores e estratificação por idade, observou-se que os indivíduos dos 18-25 anos do padrão LC2 reportaram pior saúde (OR=3,20, 95%CI:1,97;5,24) e maior obesidade central (OR=2,44, 95%CI:1,16;5,24). No entanto, indivíduos dos 26-35 anos apresentaram menor excesso de peso/obesidade (OR=0,67; 95%CI=0,47;0,95).
Conclusões: Estes resultados descrevem uma agregação diferencial das dimensões da dieta e atividade física com os restantes comportamentos, nos adultos jovens portugueses. Além disso, os indivíduos menos sedentários, mas que bebem e fumam mais, com idades entre os 18-25 anos, apresentavam maior adiposidade central e pior estado de saúde auto-percecionado. Contudo, o grupo etário dos 26-35 anos do mesmo padrão era menos frequentemente obeso.