O aumento das doenças relacionadas com a alimentação tem sido associado a maus hábitos alimentares e a baixos níveis de conhecimentos e competências relacionados com a alimentação. Por isso mesmo a Literacia Alimentar e a Literacia Nutricional têm ganho cada vez mais relevância na promoção da saúde.

A Literacia Nutricional concentra-se nas capacidades para compreender informações relacionadas com nutrientes, enquanto que a Literacia Alimentar constitui um conceito mais holístico, capaz de abordar todos os conhecimentos e competências necessários para escolhas alimentares e comportamentos mais saudáveis. Tendo em conta a falta de consenso na literatura relativamente a estes dois conceitos, a definição de Vidgen & Gallegos (2014) sobre Literacia Alimentar é a mais completa e inclusiva até à data.

Foram analisadas 18 ferramentas de avaliação de Literacia Nutricional e Literacia Alimentar, e identificadas as ferramentas SPFL e IT-FLS como as mais indicadas para uma futura aplicação na população portuguesa. Apesar disto, existe ainda necessidade de uma maior investigação no sentido de desenvolver uma ferramenta suficientemente abrangente que permita avaliar e comparar níveis de Literacia Alimentar como um todo, e por sua vez trabalhar na melhoria da saúde das populações.

Introdução: A Dieta Mediterrânica é considerada um dos padrões alimentares mais saudáveis do mundo, contudo, a maioria dos países tem o seu próprio guia alimentar. Em Portugal, utiliza-se como guia a Roda dos Alimentos. Contudo, dado que Portugal é um país com características mediterrânicas, foi desenvolvida a Roda da Alimentação Mediterrânica.

Objetivos: Comparar a Roda da Alimentação Mediterrânica e a Pirâmide da Dieta Mediterrânica para verificar e analisar as diferenças e concordâncias entre ambas.

Metodologia: Foram estabelecidos quatro níveis de comparação de diversos parâmetros estabelecidos pelos guias (I: igual em todos os aspetos; II: existência do parâmetro nos dois guias, mas com diferenças ao nível da recomendação; III: só se verifica na Roda da Alimentação Mediterrânica; IV: só se verifica na Pirâmide da Dieta Mediterrânica). Foram analisados 27 parâmetros: sustentabilidade; carnes brancas; carnes vermelhas; carnes processadas; pescado; ovos; leguminosas; hortícolas; fruta; cereais; água; vinho; açúcar e produtos açucarados; gorduras e óleos; atividade física; sazonalidade; sementes; frutos oleaginosos; gastronomia nacional; atividades culinárias; convivência; ervas aromáticas; sal; laticínios; porções equivalentes; descanso; biodiversidade.

Resultados: A percentagem do nível I, II, III e IV é de 29,6%, 48,2%, 3,7% e 18,5%, respetivamente. Os parâmetros correspondentes ao nível I são: convivência, biodiversidade, sustentabilidade, sazonalidade, atividade física, vinho, gastronomia nacional e atividades culinárias; ao nível II são: laticínios, carnes brancas, carnes vermelhas, pescado, ovos, leguminosas, frutos oleaginosos, produtos hortícolas, fruta, cereais, água, gorduras e óleos e ervas aromáticas; ao nível III é: porções equivalentes; ao nível IV são: carnes processadas, sal, açúcar e produtos açucarados, sementes e descanso. Acresce ainda o facto de os guias terem formas esquemáticas diferentes.

Conclusões: Comparando os dois guias, verifica-se que existe elevada concordância entre ambos, sendo que a Roda da Alimentação Mediterrânica, elaborada com base na realidade portuguesa e tradições nacionais, pode afigurar-se como mais adequada para a utilização nas ações destinadas à população portuguesa. Será ainda fundamental dar mais destaque à Roda da Alimentação Mediterrânica nos manuais escolares.