Introdução: A manutenção do peso perdido a longo prazo é um desafio, pelo que é essencial compreender os fatores envolvidos.

Objetivos: Analisar o índice inflamatório da dieta de indivíduos portugueses com sucesso na gestão do peso, explorando a sua associação com a magnitude de perda de peso e o índice de massa corporal, e com indicadores de comportamento alimentar e depressão, assim como explorar a relação destas variáveis entre si.

Metodologia: Foram utilizados dados do Registo Nacional de Controlo do Peso (n=205; 59,5% mulheres; 38,97 ± 10,82 anos; 25,76 ± 3,99 kg/m2). A ingestão alimentar foi avaliada através do Questionário semi-quantitativo de Frequência Alimentar, a partir do qual foi calculado o índice inflamatório da dieta; o comportamento alimentar (alimentação emocional e externa) através do Dutch Eating Behaviour Questionnaire; e o nível de depressão através do Beck Depression Index.

Resultados: O índice inflamatório da dieta variou de -3,67 a 3,64. Observou-se uma associação negativa entre o índice inflamatório da dieta e a magnitude de perda de peso na amostra total (r=-0,151, p=0,043) e no sexo feminino (r=-0,225, p=0,021). Relativamente ao índice de massa corporal, encontrou-se uma associação positiva com o índice de depressão (r=0,276, p<0,001) e com a alimentação emocional (r=0,284, p<0,001). Adicionalmente, o índice de depressão associou-se de forma positiva com a alimentação externa (r=0,322, p<0,001) e emocional (r=0,403, p<0,001).

Conclusões: Uma alimentação anti-inflamatória parece associar-se a maior magnitude de perda de peso em mulheres com sucesso na manutenção do peso perdido, o que sugere que o índice inflamatório da dieta poderá ser um fator relevante no que diz respeito à gestão do peso nesta população em particular. À medida que o índice de massa corporal aumenta, parece aumentar também o nível de depressão e a alimentação emocional não só nestas mulheres, mas também nos homens. Uma melhor compreensão da relação entre estes e outros fatores envolvidos na gestão do peso com sucesso poderá́ contribuir para o delineamento de intervenções do estilo de vida mais apropriadas.

Introdução: Intervenções nutricionais para redução de peso podem falhar e entender as causas dessas falhas pode auxiliar nutricionistas no acompanhamento e tratamento de pacientes. A terapia comportamental e cognitiva é um procedimento psicopedagógico focado no problema atual do paciente, no seu comportamento e na sua cognição de autocontrole.

Objetivos: Esta revisão sistemática teve como objetivo geral avaliar a terapia comportamental e cognitiva como coadjuvante da terapêutica nutricional no processo de emagrecimento.

Metodologia: Dezasseis estudos foram incluídos e selecionados nas bases de dados PubMed e SciElo, usando os descritores perda de peso, emagrecimento e terapia comportamental e cognitiva.

Resultados: Existem evidências de que a terapia comportamental e cognitiva contribui para o processo de perda de peso, especialmente em estudos de longa duração, através de melhor adesão às mudanças no estilo de vida, controle emocional e comportamental.

Conclusões: Embora não se possa afirmar que a abordagem comportamental é superior à abordagem focada na restrição calórica, a terapia comportamental e cognitiva como estratégia auxiliar parece promissora e mais estudos são necessários para identificar as especificidades que apoiem melhorias duradouras na cognição e comportamento alimentar. Assim, é indicada a identificação de crenças disfuncionais em pacientes quanto à possibilidade de perda e de manutenção do peso, seguida de intervenção para transformá-las ou substituí-las por crenças funcionais para reduzir as falhas no processo de perda de peso.

 

Introdução: O excesso de peso vem alcançando proporções epidémicas mundiais, e com ele emergem outras doenças crónicas não transmissíveis. Nesse contexto ocorre um aumento pela procura por terapêutica dietética para perda de peso, nem sempre bem–sucedida em função de baixa adesão e consequente abandono dessas terapêuticas.

Objetivos: Investigar a probabilidade de abandono de terapêutica dietética para perda de peso segundo aspetos psicossociais, socioeconómicos, demográficos, antropométricos e clínicos.

Metodologia: Estudo transversal quantitativo retrospetivo. Desenvolvido em duas instituições de saúde e uma de ensino. Incluídos adultos de 20 a 60 anos que já tivessem se submetido à terapêutica dietética para a perda de peso. Foram aplicados questionários para coleta de dados psicossociais, socioeconómicos, demográficos, antropométricos e clínicos. Com base nos dados coletados, estimou-se um modelo utilizando o método Probit de regressão múltipla para investigar quais variáveis influenciam a probabilidade de abandono da terapêutica dietética para perda de peso.

Resultados: A amostra foi composta por 86 indivíduos, sendo que 57% haviam abandonado terapêutica dietética para perda de peso. A estimação do modelo mostrou que a variável escolaridade aumenta em 18,9 pontos percentuais o abandono de terapêutica dietética para perda de peso. Em relação aos fatores psicossociais o aumento de um grau na satisfação com a terapêutica e no suporte social reduz a probabilidade de abandono em 7,8 pontos percentuais e 5,7 pontos percentuais, respetivamente. E as variáveis de caráter clínico, económico, demográfico e antropométrico não se apresentaram estatisticamente significativas.

Conclusões: Verificou-se que alto nível de escolaridade favorece o abandono de terapêutica dietética para perda de peso e a satisfação e suporte social atuam de forma contrária reduzindo o abandono, neste sentido o sucesso da terapêutica dietética para perda de peso depende, em certa medida de tais fatores.

Perder e, sobretudo, manter o peso perdido a longo prazo continua a ser um desafio para a maioria dos indivíduos, apesar da investigação emergente nesta área. A identificação de fatores chave na gestão do peso é assim essencial para melhorar a eficácia das intervenções comportamentais de tratamento do excesso de peso e obesidade. Esta revisão conceptual de revisões pretende sumariar o estado da arte no que respeita aos preditores comportamentais e psicossociais da perda e manutenção do peso perdido a longo-prazo, em indivíduos com excesso de peso e obesidade envolvidos em intervenções no estilo de vida.

Os principais preditores que explicam o sucesso na perda e manutenção do peso perdido a longo prazo são os que afetam diretamente o equilíbrio energético, seja pelo aumento do gasto energético, através da prática de maiores níveis de atividade física, seja pela redução do aporte energético, através do aumento do aporte proteico e de fibra alimentar em detrimento do aporte de gordura e açúcar. Uma maior perceção de autoeficácia para realizar uma alimentação saudável, praticar atividade física regularmente e gerir o peso, assim como o desenvolvimento de competências autorregulatórias, como a automonitorização do peso e dos comportamentos associados, parecem ser fatores complementares chave. No que se refere a preditores de pré-tratamento, o único que se revela consistentemente associado ao sucesso na gestão do peso a longo prazo é um menor número de tentativas de perda de peso anteriores, provavelmente porque a experiência de repetidas tentativas mal sucedidas pode estar relacionada com um perfil psicológico mais vulnerável ao insucesso, caracterizado por atitudes de ceticismo e passividade.

Introdução: Promover a perda de peso é o principal objetivo dos suplementos alimentares termogénicos, muitas vezes referidos como “queimadores de gordura”. A presença da cafeína nestes suplementos baseia-se em estudos que indicam um efeito termogénico desta substância com a promoção da lipólise e oxidação de gordura, acompanhada de eventual perda de peso.

Objetivos: Estudar a composição dos suplementos alimentares termogénicos contendo cafeína disponíveis no mercado português e analisar os riscos associados às doses de cafeína neles contidas.

Metodologia: Para o estudo dos suplementos alimentares referidos como termogénicos e contendo cafeína disponíveis em Portugal, foi efetuada uma pesquisa em pontos físicos de venda e sítios da internet.

Resultados: Foram compilados dados de 43 suplementos. Verificou-se que a dose diária de cafeína anidra correspondente à porção recomendada pelos suplementos correspondeu à mediana de 250 mg, sendo o valor mínimo de 64 mg no suplemento 35 e o valor máximo de 846 mg no suplemento 42. Verificou-se que 10 suplementos recomendam porções diárias que oscilaram entre os 405 mg e 846 mg de cafeína, doses superiores a 400 mg consideradas não seguras para os consumidores habituais desta substância. O extrato de café verde e de chá verde presentes em muitos suplementos podem aumentar o conteúdo total de cafeína ingerida.

Conclusões: Poucos estudos comprovam a real eficácia e segurança da cafeína na promoção da perda de peso. Os consumidores destes suplementos devem ser alertados para os riscos de saúde decorrentes do consumo excessivo de cafeína, em particular problemas cardiovasculares, tolerância e dependência física.