Introdução: As doenças crónicas não transmissíveis são a principal causa de morte a nível global e afetam desproporcionalmente indivíduos de posição socioeconómica mais baixa. Promover uma dieta saudável e sustentável pode ser uma estratégia crucial para prevenir estas doenças e proteger o ambiente. Assim, compreender as interações entre a posição socioeconómica e padrões alimentares saudáveis e sustentáveis é essencial para intervenções de saúde pública eficazes.

Objetivos: Esta revisão tem como objetivo analisar a associação entre padrões alimentares saudáveis e sustentáveis e a posição socioeconómica.

Metodologia: Para esta revisão, foram consultadas várias bases de dados utilizando termos MeSH e combinações de palavras-chave, sem restrição temporal, com enfoque em países europeus com um Índice de Desenvolvimento Humano muito elevado.

Resultados: Os estudos demonstraram que indivíduos com rendimentos e um nível educacional mais altos tendem a apresentar uma maior adesão à Dieta Mediterrânica e, relativamente à área de residência e ocupação, foram encontrados resultados discrepantes. A evidência é limitada para a Dieta Nórdica e a Dietary Approach to Stop Hypertension, sendo que um maior nível educacional está associado a uma maior adesão. As dietas vegetarianas são mais prevalentes entre os níveis educacionais mais elevados e menores rendimentos. Na Dieta da Saúde Planetária, observa-se uma maior adesão em áreas metropolitanas e rurais e entre rendimentos altos e baixos. São necessárias mais pesquisas para explorar os determinantes socioeconómicos da adesão à Mediterranean-DASH Intervention to Stop Hypertension.

Conclusões: Os hábitos alimentares são influenciados por fatores políticos e económicos, sendo importante que os governos, juntamente com outras partes interessadas, promovam ambientes saudáveis e enfrentem os restantes desafios.

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, caracterizada por uma limitação progressiva do fluxo de ar, é uma das principais causas de morbimortalidade no mundo, sendo um problema de saúde com um crescimento gradual. Devido a esta evolução crescente, torna-se urgente identificar quais os fatores de risco modificáveis, de forma a fazer uma prevenção e tratamento através de uma abordagem multidisciplinar, com o objetivo de retardar a progressão da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. Embora o tabagismo seja considerado o principal fator de risco, evidência emergente sugere que a dieta desempenha um papel significativo no desenvolvimento e na progressão da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. Esta revisão narrativa da literatura visa compreender o impacto da dieta na Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, explorando a relação entre diferentes nutrientes, padrões alimentares e o risco de desenvolver esta condição pulmonar.

O estudo dos padrões alimentares capta o efeito cumulativo e de interação dos vários alimentos e nutrientes e podem ser mais facilmente interpretados pela população, assumindo assim particular importância em Saúde Pública. O Padrão Alimentar Mediterrânico e Atlântico são padrões alimentares definidos por uma abordagem orientada por hipóteses prévias (a priori) e são representativos de uma determinada região, como é o caso de Portugal, e dos seus costumes culturais e sociais, reforçados ao longo de vários anos. Cada um apresenta na sua composição propriedades que lhes conferem o estatuto de alimentação saudável. Em termos de efeitos benéficos na saúde, o Padrão Alimentar Mediterrânico e os seus componentes têm sido exaustivamente associados a um menor risco cardiovascular, conferindo também um papel protetor sobre a incidência e mortalidade por cancro, em especial cancro da mama, da próstata, gástrico e colorretal. O Padrão Alimentar Mediterrânico também apresenta evidência de ter um papel favorável na prevenção e tratamento da obesidade, diabetes, doenças inflamatórias reumáticas, osteoporose e a nível cognitivo. Em relação ao papel do Padrão Alimentar Atlântico na saúde, este tem muito menor evidência fruto da sua definição muito mais recente, tendo sido já associado a melhor perfil cardiovascular. A ocidentalização destes padrões alimentares tradicionais preocupa a comunidade científica em geral.