Introdução: A terapêutica antiretrovírica e o aparecimento de comorbilidades em pessoas que vivem com o Vírus da Imunodeficiência Humana têm contribuído para um aumento do seu risco cardiovascular.

Objetivos: Determinar a evolução da adesão à dieta mediterrânica, padrão alimentar e risco cardiovascular em 5 anos de follow-up e avaliar o nível de atividade física.

Metodologia: Estudo longitudinal observacional baseado numa coorte com seguimento regular. A recolha de dados foi efetuada durante 6 meses. A amostra final de 149 pessoas foi reavaliada a nível de parâmetros antropométricos, ingestão alimentar (questionário de frequência alimentar e MedDietScore), risco cardiovascular (DAD Risk Tool) e atividade física (International Physical Activity Questionnaire).

Resultados: A idade média da amostra era de 52,0±9,3 anos, maioritariamente constituída por homens e com um tempo médio de infeção de 17,9±6,9 anos. Verificou-se um aumento percentual de 2% na diabetes mellitus tipo 2, 11,4% na dislipidémia, 0,7% na hipertensão e 12,5% na síndrome metabólica, face à avaliação inicial. A adesão à dieta mediterrânica apresentou um aumento (28,9±5,2 vs. 27,9±5,7); a ingestão calórica foi inferior (1781±622 vs. 2173±432); 77,6% apresentou um nível de atividade física moderado e um comportamento sedentário diário de 244,4±173,9 minutos; 54,7% apresentava um risco cardiovascular a 5 anos muito elevado.

Conclusões: O envelhecimento e o aumento da prevalência de comorbilidades sugerem que modificações no estilo de vida devem fazer parte gestão clínica da doença.

Sabe-se que pessoas idosas hospitalizadas requererem maiores cuidados durante o período de hospitalização, visto que o próprio processo de envelhecimento provoca alterações em diversos sistemas fisiológicos, com consequente redução na ingestão alimentar e massa magra. A hospitalização pode representar um fator de risco para o declínio funcional de pessoas idosas, levando essa população a apresentar maiores riscos para o desenvolvimento de quadros de desnutrição. O objetivo da presente pesquisa foi analisar a relação entre a aceitação alimentar e o desenvolvimento de complicações intra-hospitalares em pessoas idosas hospitalizadas e seus impactos durante o curso do internamento. Trata-se de uma revisão de literatura, com análise de artigos indexados em bases de dados como Scielo e Pubmed, nos idiomas português e inglês. A desnutrição hospitalar pode ser desencadeada por diversos fatores, como baixa ingestão alimentar e doenças associadas, podendo resultar em um maior tempo de hospitalização, afetando diretamente o funcionamento do organismo e deixando-o mais suscetível à instalação de novas infeções e ao desenvolvimento de processos inflamatórios. Destacam-se diversas causas que podem interferir na ingestão alimentar, desde o sabor das refeições até a presença de patologias de base, exigindo a implementação de estratégias a fim de melhorar tal aceitação. Nota-se que esta condição ainda se apresenta como grande fator de risco durante o período de internamento, pois associa-se a um pior prognóstico em pessoas idosas. Portanto, os cuidados nutricionais devem assumir uma importante posição no processo de melhoria da qualidade de vida e do quadro de saúde de tais pacientes.

Homem de 81 anos, com pneumonia por COVID-19 confirmada, foi hospitalizado por falência respiratória hipoxémica e hipernatrémia hipovolémica grave. Durante a abordagem pré-hospitalar, foi medicado para taquicardia supraventricular com adenosina, com sucesso. No Serviço de Urgência apresentou-se com alteração do estado de consciência alternando prostração com agitação, se estimulado. Estudos subsequentes confirmaram infeção por SARS-CoV2 e pneumonia COVID-19 (radiografia de tórax) com insuficiência respiratória hipoxémica. Estudos analíticos indicavam falência renal com hipernatrémia hipovolémica. Em enfermaria dedicada a COVID-19, foram iniciadas medidas de conforto, mas o doente manteve-se estável. Assim, foi colocada Sonda nasogástrica para correção da desidratação. Ao mesmo tempo, o doente foi identificado como tendo elevado risco nutricional, garantindo avaliação por equipa de nutricionistas, seguindo-se implementação de plano nutricional ajustado. A integração atempada de uma intervenção nutricional proativa e especializada com os cuidados clínicos fizeram a condição do doente melhorar progressivamente.

Apesar de todas as restrições e desafios clínicos no cuidado a doentes idosos com COVID-19, a identificação do risco e monitorização nutricional, em articulação multidisciplinar, permanece essencial e, conforme é descrita neste caso, permitiu a implementação atempada de hidratação e medidas nutricionais que contribuíram para a resposta clínica favorável. O doente apresentou uma melhoria até ao estado habitual e teve alta para o lar de onde tinha vindo, onde ainda hoje reside, em boa saúde sem perda de função. Este caso demonstra a importância e necessidade de implementação e integração de cuidados nutricionais nas hospitalizações por COVID-19.