Apesar de uma certa evolução positiva, Portugal continua a ser um dos países europeus com maior prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade). Acredita-se que a principal solução deverá passar pela educação alimentar nas escolas, espaços privilegiados onde se reúnem as condições necessárias à aplicação de projetos bem estruturados e baseados nas necessidades de cada comunidade.

Nos últimos anos, tem-se verificado um acréscimo de publicações relativas a intervenções portuguesas em educação alimentar nas suas várias vertentes e, maioritariamente, através do trabalho direto dos Nutricionistas. Ao longo desta revisão, estes são colocados em evidência por se apresentarem como profissionais capazes e à altura do desafio, em meio escolar.

A escola é descrita como um local privilegiado para a modulação de comportamentos alimentares e para a promoção da saúde, visto proporcionar aos alunos conhecimentos e competências para a adoção de comportamentos saudáveis. Na atualidade, verifica-se a existência de normativos legais e referenciais estratégicos para a alimentação escolar cuja aplicação não tem sido monitorizada, bem como a publicação de novos diplomas em resposta a notícias veiculadas na comunicação social que apontaram fragilidades no fornecimento alimentar nas escolas. O papel excessivamente reativo do Estado nestas matérias deve ser substituído por uma estratégia de longo prazo assente na promoção da saúde, para que seja possível uma avaliação efetiva da alteração dos comportamentos alimentares, indicadores significativos de ganhos em saúde.

É neste sentido que os autores apresentam uma proposta para a intervenção na alimentação escolar em Portugal, com a inclusão do nutricionista escolar, assente em dois eixos fundamentais: intervenção ao nível da comunidade escolar, com informação e respetiva capacitação e intervenção ao nível do ambiente alimentar.