As últimas décadas originaram inúmeros avanços na tecnologia médica e farmacológica. Uma das áreas que reflete esse progresso tem sido a administração de alimentação, nutrição e hidratação. Representam áreas controversas do cuidar em fim de vida, especialmente se administradas pela via artificial. O objetivo desta revisão foi discutir e compreender o conhecimento atual e global relativamente às questões éticas relacionadas com a alimentação, nutrição e hidratação no fim de vida. As situações problemáticas analisadas incluíram: diretivas antecipadas de vontade, o conceito de cuidado humano básico ou tratamento, o significado da alimentação e hidratação, a suspensão e abstenção de nutrição e hidratação, riscos e benefícios do suporte nutricional e o conceito da cessação voluntária de nutrição e hidratação.
As doenças inflamatórias intestinais incluem a doença de Crohn, que se manifesta maioritariamente ao nível do íleo e do cólon, mas também pode provocar alterações em qualquer região do trato gastrointestinal. Pessoas com este tipo de patologias possuem maior risco de carências nutricionais devido a várias razões relacionadas com a doença e com o próprio tratamento. Assim, o objetivo primário da alimentação é restaurar e manter o estado nutricional do indivíduo. Para tal utilizam-se alimentos, suplementos alimentares, e a nutrição entérica e parentérica. A dieta oral e os outros meios de suporte nutricional podem ser alterados durante as fases características da Doença de Crohn.
O presente trabalho tem como objetivo rever as evidências mais recentes acerca do suporte nutricional na doença de Crohn e elaborar uma pequena reflexão sobre estas. Através desta reflexão, concluiu-se que a educação alimentar é fundamental para alertar os doentes em relação à variedade de alimentos que dispõem e que podem consumir, caso os tolerem, de forma a evitar as dietas extremamente restritas indicadas no passado, que contribuíam para maior frustração dos doentes e consequentemente menor qualidade de vida. A nutrição entérica é o tratamento de primeira linha para a indução da remissão da doença em fase ativa em crianças, sendo que também apresenta benefícios na remissão da doença em adultos. Por sua vez, a nutrição parentérica apenas é recomendada quando a nutrição entérica é contraindicada.