Introdução: As preferências alimentares são determinadas por predisposições genéticas, mas podem ser modificadas por fatores ambientais. A rejeição de novos alimentos sem intenção de os experimentar é designada de neofobia alimentar. Trata-se de um mecanismo defensivo, mas que pode conduzir a uma menor diversidade alimentar e, consequentemente, desencadear desequilíbrios alimentares e nutricionais.

Objetivos: Avaliar e relacionar o nível de neofobia de crianças (n = 182) dos 6 aos 12 anos com o nível de neofobia dos cuidadores e a perceção destes sobre as atitudes das crianças face a novos alimentos.

Resultados: O nível de neofobia alimentar dos cuidadores era superior ao das crianças (p < 0,001). Verificou-se também que os cuidadores sobrestimam o nível de neofobia das crianças (p < 0,001).

Conclusões: Estes resultados contribuem para um maior conhecimento na área da neofobia alimentar das crianças em idade escolar, nomeadamente no que respeita à sua avaliação e efeitos da perceção do nível de neofobia das crianças pelos cuidadores na diversificação alimentar.

O crescimento e desenvolvimento saudável das crianças são influenciados decisivamente pela alimentação. A aprendizagem progressiva de novos sabores e texturas, e os hábitos alimentares estabelecidos nos primeiros anos de vida, são determinantes para o comportamento alimentar no futuro. Após o 1.º ano de vida, na dependência da desaceleração de crescimento, é comum as crianças apresentarem grande variabilidade do apetite, ou mesmo a sua diminuição. Uma criança saudável, que aparentemente come pouco ou recusa alguns alimentos, é motivo de preocupação para os pais/cuidadores, levando-os a procurar soluções práticas junto dos profissionais de saúde. Neste contexto, com vista à reflexão sobre as dificuldades alimentares que ocorrem na infância e a partilha de experiência nesta área, são apresentados 4 casos clínicos de diminuição do apetite de causa não orgânica na primeira infância.