Introdução: Em Portugal, a Obesidade destaca-se como a doença mais prevalente na infância, com 1 em cada 3 crianças com excesso de peso, ainda que pareça observar-se uma tendência invertida na última década. Programas contínuos, de base comunitária ao nível local parecem responder de forma eficaz a esta problemática. O MUN-SI surgiu em 2008, como um programa de promoção da saúde infantil em municípios com o objetivo de retardar o excesso de peso infantil de forma interativa.

Objetivos: Avaliar o impacto do MUN-SI no estado nutricional, a mudança comportamental e de hábitos alimentares, a aquisição de conhecimentos, a adesão à Dieta Mediterrânica e a prática de atividade física, em crianças dos 6 aos 10 anos, entre 2008 e 2018, no Município de Oeiras.

Metodologia: O MUN-Si intervém através de uma matriz de 3 parâmetros: promover hábitos alimentares saudáveis de acordo com a temática a abordar, promover a prática de atividade física regular e avaliar o estado nutricional infantil, em escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico. As sessões de intervenção lúdico-educativas em sala de aula foram implementadas por nutricionistas treinados e incluíram: diagnóstico inicial e sensibilização para a temática, intervenção motivacional e avaliação do programa com participação ativa da família. Os comportamentos alimentares e prática de atividade física foram avaliados através de um questionário à família. O estado nutricional infantil foi classificado pelos critérios da Organização Mundial da Saúde, 2007.

Resultados: Registou-se uma mudança comportamental positiva na preferência de inclusão de hortofrutícolas nos lanches (+2,3% em 2015/2016) e ao pequeno-almoço (+16% em 2014/2015 e +11,9% em 2017/2018). A aquisição de conhecimentos sobre a Dieta Mediterrânica foi verificada em +12,1% a 21,1%, entre 2016 e 2019 e a adesão à Dieta Mediterrânica aumentou em 20,9%, em 2016/2017. Houve um aumento na prática de atividade física regular (11 a 15%) e uma redução de 11,2% na prevalência excesso de peso (35,5% para 24,3%) e 10,3% de obesidade (16,7% para 6,4%) (p<0,005).

Conclusões: Os resultados do MUN-SI sugerem que programas de base comunitária multidisciplinares integrados e aplicados continuamente ao nível local, têm efeito na adoção de estilos de vida mais saudáveis e na diminuição da prevalência de excesso de peso e obesidade infantil.

Introdução: A Rede Europeia de Cidades Saudáveis da Organização Mundial da Saúde integra a Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis cujo o objetivo comum é o de promover a saúde e a qualidade de vida, combatendo as desigualdades sociais, através de programas municipais.

Objetivos: O estudo pretendeu avaliar as estratégias e iniciativas de promoção de saúde implementadas a nível municipal na Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis e verificar se estas estão alinhadas com os requisitos da Política de Saúde 2020 integrada na Fase VI da Rede Europeia de Cidades Saudáveis.

Metodologia: Foi utilizada uma metodologia exploratória-descritiva e aplicado um questionário semiestruturado, desenvolvido em colaboração com Organização Mundial da Saúde/Europa, e aplicado nas 29 cidades da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis (2013) convidadas a participar. 22 (75,8%) municípios cumpriram os critérios, tendo sido incluídos.

Resultados: Os resultados mostraram que os programas que abordavam a promoção da atividade física foram os mais implementados (81,8%) na Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis. Todos os municípios (100%) reportaram que o grupo das “crianças > 5 anos” foi a população-alvo mais abrangida nos programas da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis, seguida pelo grupo dos “idosos” (95,5%), “adolescentes” (86,4%) e “adultos” (86,4%). As iniciativas de carácter multissetorial foram reportadas em apenas 27% dos municípios, bem como projetos de investigação relacionados com a saúde e parcerias com a comunidade científica (32%). No geral, o impacto percepcionado pelos municípios dos programas implementados da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis foi positivo, já que 50% dos municípios apontaram uma percepção de melhoria no estado de saúde e na qualidade de vida da população.

Conclusões: Seguindo os princípios da Saúde 2020, foi confirmado que várias iniciativas, direcionadas a todas as etapas do ciclo de vida focadas na redução da morbilidade, foram implementadas, no entanto foi deficiente a observação da implementação de abordagens mais abrangentes e multissectoriais, abrangendo diferentes grupos populacionais, com o intuito de combater as desigualdades sociais. Reforça-se ainda ser fundamental o recurso a parcerias e a novas formas de comunicação, bem como a mecanismos de monitorização e avaliação de carácter científico dos programas.