Introdução: O Padrão Alimentar Mediterrânico é um modelo alimentar de elevada qualidade e adequação nutricional, que se associa a melhor qualidade de vida. Portugal, embora seja um país com características mediterrânicas, está progressivamente a distanciar-se deste padrão, sobretudo em idades mais jovens, onde a adoção de hábitos alimentares saudáveis é essencial.

Objetivos: Avaliar a adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico em crianças e adolescentes, e a sua associação com o seu estado nutricional.

Metodologia: Estudo transversal, descritivo e analítico. Foi aplicado o Mediterranean Diet Quality Index in Children and Adolescents (índice KIDMED), a uma amostra de conveniência de crianças e adolescentes, entre os 2 e os 18 anos, seguidos em consulta de vigilância de saúde num hospital privado do norte de Portugal. Para a caracterização do estado nutricional foi calculado o Índice de Massa Corporal e utilizados os critérios da Organização Mundial da Saúde. Foram critérios de exclusão uma idade inferior a 2 anos, qualquer tipo de vegetarianismo e a presença de doenças do comportamento alimentar.

Resultados: Dos 153 inquiridos, com uma idade média de 9,9±4,3 anos e uma predominância do sexo feminino (56,2%), 21,6% apresentava excesso de peso, 18,9% obesidade e 9,2% baixo peso/desnutrição. Observou-se alta adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico (81,0%), no entanto, esta era tanto menor quanto maior a idade (r=0,279; p<0,001). Não se verificou relação entre a adesão a um padrão mediterrânico e o sexo ou o estado nutricional, nem com o momento de recolha dos dados (primeira consulta versus subsequente). Contudo, nas crianças e adolescentes com excesso de peso/obesidade observa-se um aumento da adesão nas consultas subsequentes.

Conclusões: A população estudada revela uma elevada adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico, registando-se, no entanto, uma diminuição com a idade. Crianças e adolescentes com excesso de peso/obesidade são mais recetivos a adotar este padrão alimentar.