A escola tem sido considerada um local privilegiado para a aquisição de hábitos alimentares saudáveis. Atualmente, em Portugal, não existe legislação obrigatória referente ao lanche da manhã realizado na escola, possibilitando que as crianças consumam qualquer tipo de alimento trazido de casa. Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos de um programa de educação alimentar na qualidade alimentar e nutricional dos lanches da manhã em crianças da ilha de São Miguel, Açores.

O protocolo descreve o desenho de um estudo quase-experimental que irá incluir crianças do segundo ano de escolaridade. A intervenção envolverá as crianças, a escola e as suas famílias, e consiste em dois eixos principais: i) inclusão da educação alimentar no currículo escolar, através da leitura de um livro de histórias; e ii) avaliações qualitativas dos lanches da manhã durante a intervenção. A avaliação da qualidade alimentar dos lanches será realizada utilizando um semáforo nutricional. A avaliação da qualidade nutricional será realizada através de uma base de dados eletrónica, que incluiu a Tabela Portuguesa de Composição dos Alimentos. A recolha de dados será realizada nos momentos pré- e pós-intervenção.

Espera-se que a implementação deste programa de educação alimentar possibilite a melhoria das escolhas alimentares das crianças no lanche da manhã, em resposta a uma intervenção que envolverá as crianças, os seus pais e professores. Em última instância, espera-se que os resultados possam contribuir para a definição de futuras políticas alimentares e nutricionais, em contexto escolar, a curto e longo prazo.

Introdução: Na infância, a redução do consumo de sal e o aumento de potássio apresentam benefícios para a saúde. A redução do teor de sal nos alimentos pode diminuir a aceitabilidade do consumidor, implicando um aumento do desperdício alimentar. A minimização do desperdício alimentar deve ser uma prioridades das escolas, por se tratar de uma problemática atual, aliada à melhoria do perfil nutricional da oferta alimentar.

Objetivos: Analisar o teor de sódio e potássio da sopa antes e após uma intervenção de redução da quantidade de sal adicionada, num estabelecimento de ensino, e avaliar a sua relação com o desperdício alimentar .

metodologia: No estudo, foram incluídas as sopas servidas no refeitório às crianças, com idades entre os 3 e os 10 anos, nos dias em análise. Na Fase I, quantificou-se o teor de sódio e potássio da sopa e o seu desperdício alimentar durante 5 dias. Na Fase II, reduziu-se a quantidade de sal adicionada em 49%, avaliando-se, novamente, os parâmetros mencionados. A quantificação do teor de sódio e potássio foi realizada por espectrofotometria de emissão atómica e a do desperdício alimentar por pesagem agregada dos componentes do prato.

Resultados: A mediana do teor de sódio na sopa na Fase I foi de 154 ± 37 mg/100 g, diminuindo na Fase II para 96 ± 17 mg/100 g. A mediana do desperdício alimentar na Fase I foi de 8,6 ± 1,8% e diminuiu para 5,3 ± 0,8% na Fase II. Encontrou-se uma relação positiva moderada entre o teor de sódio e o desperdício alimentar (r=0,669; p < 0,001).

Conclusões: A quantidade de sal adicionada à sopa na Fase I foi superior às recomendações. A redução do teor de sal da sopa deverá ser uma prioridade das escolas, não sendo expectável que aumente o desperdício alimentar.

A alimentação e a nutrição exercem influências pré-concecionais e gestacionais e constituem fatores determinantes para o alcance das necessidades nutricionais ao longo do ciclo de vida, as quais são imprescindíveis para o desenvolvimento, o crescimento e uma vida saudável. A evidência científica tem demonstrado o papel protetor do Padrão Alimentar Mediterrânico, durante os períodos iniciais do ciclo de vida, mas também contra diversas patologias que podem desenvolver-se mais tarde na vida adulta. Com este trabalho, pretende-se apresentar uma revisão narrativa atualizada acerca da influência na saúde deste padrão alimentar, ao longo do ciclo de vida. Para esse efeito, foi realizada uma pesquisa, na MEDLINE, de artigos científicos em língua portuguesa ou inglesa, de acesso gratuito, publicados no período compreendido entre 2000 e 2022, selecionados de acordo com a sua atualidade e pertinência para o tema. Completou-se a pesquisa recorrendo a websites de entidades de referência nacionais e internacionais. Incluíram-se no total 78 referências bibliográficas. Conclui-se que o Padrão Alimentar Mediterrânico, para além do impacto positivo na fertilidade, no desenvolvimento e sucesso da gravidez, na saúde da descendência, no desenvolvimento e crescimento de crianças e adolescentes e no estado nutricional em todas as fases da vida, parece ter um papel na redução da incidência de doenças cardiovasculares, metabólicas, endócrinas e neurodegenerativas.

Introdução: Nunca se falou tanto da importância de uma alimentação saudável e cuidada desde a infância, no entanto, a batalha da obesidade ainda está longe de ser vencida e parece ser indiscutível o papel que a alimentação tem na etiologia e manutenção desta doença. As crianças passam uma grande parte do seu tempo na escola, onde também têm oportunidade de realizar várias refeições. Para além disso, a escola permite abranger outros grupos, como os pais, os professores, os assistentes operacionais, e até a própria comunidade em que está inserida, permitindo atingir todos os níveis sociodemográficos, o que faz dela um setting para intervenções de educação alimentar.

Objetivos: Esta revisão tem como objetivos responder às seguintes questões: (I) Quais os fatores a ter em conta no planeamento de intervenções eficazes para esta faixa etária? (II) Quais as medidas mais efetivas? (III) O que tem sido feito em Portugal para alterar o comportamento alimentar das crianças? e (IV) O que ainda pode ser feito para obter melhores resultados?

Metodologia: foi feita uma revisão narrativa onde se pretendeu reunir artigos científicos, documentos de organizações nacionais e internacionais que trabalham na área, avaliados trabalhos académicos realizados anteriormente e pretendeu-se, também, acrescentar a experiência das próprias autoras.

Discussão/Conclusões: O sucesso das intervenções de educação alimentar está suportado pela bibliografia existente, mas os resultados ainda não são suficientes para que se reverta a situação de obesidade e de hábitos alimentares considerados pouco saudáveis, como o baixo consumo de fruta e produtos hortícolas. Neste sentido, a inclusão de novas formas de intervenção como a inclusão dos encarregados de educação, docentes e assistentes operacionais, hortas nas escolas, aulas de culinária, atribuição de mascotes aos alimentos e melhoramento das embalagens dos alimentos a promover, parecem ser importantes para melhorar os resultados dos projetos de intervenção de educação alimentar.

É na infância que se formam os comportamentos alimentares, sendo os pais agentes cruciais neste processo. Os pais adotam práticas de controlo alimentar que influenciam a alimentação das crianças, no sentido de aumentar ou diminuir a sua ingestão, podendo desta forma comprometer o seu normal desenvolvimento ponderal.

Com esta revisão pretende-se abordar as diferentes práticas parentais de controlo alimentar, centradas nos seus efeitos ao nível individual, identificando os instrumentos disponíveis para a sua avaliação e os vários estudos conduzidos para estabelecer uma associação entre estas práticas e o peso da criança.

Para a condução desta revisão foi realizada uma pesquisa na base de dados PubMed®, complementada por uma pesquisa em snowball. Incluíram-se estudos longitudinais (observacionais ou experimentais) que abordassem a relação das práticas parentais de controlo alimentar com a ingestão ou peso/índice de massa corporal da criança em idade pré-escolar.

As práticas parentais de controlo alimentar de crianças em idades precoces são frequentemente avaliadas através do Child Feeding Questionnaire, que inclui três domínios que incidem sobre a pressão para comer, a restrição e a monitorização. A associação entre as práticas parentais e o peso da criança tem sido inconsistente na literatura, dada a natureza transversal de muitos estudos, o que limita a avaliação da direção das associações, já que este efeito pode ser bidirecional, ou seja as práticas podem condicionar longitudinalmente o peso da criança, mas também podem ser exercidas em reação ao peso da criança. De um modo geral, a pressão para comer parece diminuir o peso da criança, enquanto a restrição alimentar parece aumentar o peso infantil. Ambas as práticas de controlo alimentar apresentam efeitos bidirecionais. Para a prática da monitorização, os resultados são ainda inconclusivos. O controlo encoberto parece associar-se positivamente com o peso da criança e o controlo explícito mostra uma associação negativa.

O conhecimento acerca das práticas parentais de controlo alimentar e a sua complexa associação com o peso da criança pode servir de suporte para a implementação com êxito de programas de intervenção para prevenir e tratar a obesidade infantil, pelo que deve ser futuramente valorizado.

O combate à obesidade, pela gravidade que esta acarreta na qualidade de vida dos indivíduos e na economia dos países, é uma prioridade em praticamente todos os Estados-Membro da União Europeia. Em Portugal, o Plano Nacional de Saúde 2020 indica, como uma das quatro principais metas a atingir, o controlo da incidência e da prevalência da pré-obesidade e da obesidade infantil, que neste momento, se encontra acima dos 30%. Apesar de em alguns países, desde 2006, se notar uma desaceleração do crescimento da obesidade, ainda nenhum reportou decréscimos significativos, nas últimas três décadas. A natureza multifatorial dos determinantes da obesidade, nomeadamente os externos ao sistema de saúde, como os fatores económicos e as desigualdades sociais, não permite uma solução isolada para este problema.

As autarquias têm vindo, gradualmente, a assumir responsabilidades, competências legais e capacidade técnica, que fazem com que possam assumir um papel central no combate à obesidade infantil. Só a este nível é possível atuar sobre diversos determinantes da doença de forma integrada, com autonomia e capacidade executiva e adaptada às especificidades sociodemográficas e geográficas locais. Esta atuação requer um modelo de ação onde cooperem profissionais de diversas áreas como o ambiente, a ação social, a educação, o urbanismo, a juventude e desporto, as atividades económicas, a cultura, a polícia municipal, entre outros.

Neste documento, propõe-se um modelo de intervenção para o combate à obesidade infantil ao nível das autarquias com a integração de diferentes áreas, desempenhando o Nutricionista um papel central na sua coordenação.