INTRODUÇÃO: O Padrão Alimentar Mediterrânico é um dos padrões alimentares mais saudáveis, estando associado a vários benefícios para a saúde. No entanto, nos últimos anos, tem sido abandonado por adolescentes dos países mediterrâneos.

OBJETIVOS: Determinar e analisar a adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico e fatores associados numa amostra de adolescentes de uma cidade do norte de Portugal.

METODOLOGIA: Estudo transversal. Os dados foram recolhidos através de uma amostragem estratificada por conglomerados de uma fase de adolescentes (10 a 19 anos) de uma cidade do norte de Portugal. O Índice KIDMED foi autoadministrado para avaliar a adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico entre adolescentes. Os participantes reportaram informações sobre características sociodemográficas, antropométricas e de estilo de vida. Para identificar os preditores de alta adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico utilizaram-se modelos de regressão logística.

RESULTADOS: A maioria dos adolescentes apresentou adesão baixa/moderada ao Padrão Alimentar Mediterrânico (63,2%). Os modelos de regressão logística indicaram que a idade e o nível de escolaridade dos pais foram os principais fatores positivamente relacionados à possibilidade de alta adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico. O sexo, a localização da escola, o índice de massa corporal e número de membros do agregado familiar não predizem significativamente a alta adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico.

CONCLUSÕES: Estes resultados evidenciam a importância da escolaridade dos pais na adesão dos adolescentes ao Padrão Alimentar Mediterrânico, permitindo identificar os grupos prioritários para uma possível intervenção, nomeadamente, os adolescentes mais novos e cujos pais têm menor escolaridade.

O Índice KIDMED, um índice alimentar frequentemente utilizado para avaliar a adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico em crianças e adolescentes, não foi previamente traduzido e adaptado transculturalmente em Portugal. Portanto, após a obtenção da versão portuguesa do Índice KIDMED (decorrente de um processo de tradução e retro tradução), em novembro de 2019, procedeu-se à adaptação transcultural da mesma com a participação de 33 adolescentes, através da aplicação direta do Índice KIDMED seguida de entrevistas semiestruturadas. Perante toda a informação recolhida e analisada procedeu-se à adaptação de algumas questões do Índice KIDMED que suscitaram problemas de compreensão e interpretação por parte dos/as adolescentes. Essas alterações foram revistas e validadas por um painel de especialistas. No final do estudo, foi possível obter uma versão do Índice KIDMED traduzida e adaptada à população-alvo a que se destina, sem descurar o rigor técnico dos conceitos que caracterizam o Padrão Alimentar Mediterrânico.