A alimentação e a nutrição exercem influências pré-concecionais e gestacionais e constituem fatores determinantes para o alcance das necessidades nutricionais ao longo do ciclo de vida, as quais são imprescindíveis para o desenvolvimento, o crescimento e uma vida saudável. A evidência científica tem demonstrado o papel protetor do Padrão Alimentar Mediterrânico, durante os períodos iniciais do ciclo de vida, mas também contra diversas patologias que podem desenvolver-se mais tarde na vida adulta. Com este trabalho, pretende-se apresentar uma revisão narrativa atualizada acerca da influência na saúde deste padrão alimentar, ao longo do ciclo de vida. Para esse efeito, foi realizada uma pesquisa, na MEDLINE, de artigos científicos em língua portuguesa ou inglesa, de acesso gratuito, publicados no período compreendido entre 2000 e 2022, selecionados de acordo com a sua atualidade e pertinência para o tema. Completou-se a pesquisa recorrendo a websites de entidades de referência nacionais e internacionais. Incluíram-se no total 78 referências bibliográficas. Conclui-se que o Padrão Alimentar Mediterrânico, para além do impacto positivo na fertilidade, no desenvolvimento e sucesso da gravidez, na saúde da descendência, no desenvolvimento e crescimento de crianças e adolescentes e no estado nutricional em todas as fases da vida, parece ter um papel na redução da incidência de doenças cardiovasculares, metabólicas, endócrinas e neurodegenerativas.
Introdução: Os suplementos de ácido fólico, comparticipados no mercado português, contendo apenas esta vitamina, contêm uma dose 12,5 vezes maior do que a dose diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde, o que faz prever que, em Portugal, as mulheres grávidas façam uma suplementação excessiva em ácido fólico. Por outro lado, o início da suplementação raramente acontece na pré-conceção, como seria desejável.
Objetivos: Conhecer as perceções e as práticas clínicas sobre a prescrição de suplementação com ácido fólico na gravidez e identificar os benefícios e efeitos adversos que os médicos reconhecem nesta suplementação.
Metodologia: Foram realizadas 12 entrevistas semiestruturadas a médicos especialistas em medicina geral e familiar (n=6) ou em obstetrícia (n=6), em unidades de saúde familiar e hospitais da área metropolitana do Porto, cujo conteúdo, após desgravação, foi codificado em categorias e subcategorias que foram sujeitas a análise qualitativa recorrendo ao software NVIVO 10.0.
Resultados: Foi possível observar que: a) todos os médicos reconhecem a importância da suplementação com ácido fólico na gravidez para a prevenção da ocorrência de malformações do tubo neural, b) há a convicção de que a adesão à toma de ácido fólico é muito elevada (n=12); c) há unanimidade na descrição de falta de oportunidade para cumprir o início da suplementação antes da conceção e ainda que d) há um razoável desconhecimento em relação à dose de ácido fólico prescrita (n=7).
Conclusões: Considerando os estudos recentes que sugerem efeitos adversos da suplementação com ácido fólico em doses excessivas e temporalmente desadequadas, este estudo evidencia a pertinência de um esforço conjunto nacional para a homogeneização das práticas clínicas na prescrição de suplementação com ácido fólico na gravidez.
O número de mulheres com Diabetes Gestacional tem vindo a aumentar. A microbiota tem sido associada à regulação energética, função imunológica e doença metabólica, como a resistência à insulina. É essencial compreender quais as mudanças que ocorrem no microbioma do intestino, da placenta e da vagina durante a gravidez e qual o impacto que essas mudanças podem ter sobre a saúde da mãe e do feto. A suplementação com probióticos parece ser uma terapia eficaz na prevenção e tratamento da Diabetes Gestacional e do ganho de peso. Estudos demonstram que a ingestão de alimentos ricos em probióticos melhora a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina das grávidas. Esta revisão apresenta evidência sobre a influência que a microbiota intestinal, placentária e vaginal têm sobre a Diabetes Gestacional e qual o papel da intervenção com probióticos.