Introdução: Atualmente, assistimos ao baixo consumo de frutas e produtos hortícolas pelas crianças que, muitas vezes, rejeitam sequer prová-los. As atividades sensoriais surgem como alternativa de incentivo ao consumo destes alimentos, estimulando o contacto com as suas diferentes dimensões – aspeto, odor, sabor e texturas.

Objetivos: Avaliar se a prova cega afetou a aceitação de frutas e produtos hortícolas pelas crianças.

Metodologia: A amostra incluiu 47 crianças dos 9 aos 11 anos de uma Escola Básica do Centro de Portugal. A opinião dos pais sobre os gostos dos filhos foi recolhida através de um questionário. As preferências das crianças foram avaliadas através do preenchimento de uma escala após a exposição visual a 20 alimentos e após a prova cega a 3 frutas e 3 produtos hortícolas. Foram comparadas as classificações da prova visual e da prova cega e ainda as respostas dos pais com as classificações de cada prova.

Resultados: A prova cega levou a mudanças das classificações aos alimentos testados, maioritariamente no sentido positivo. Em 4 alimentos, foram mais os que melhoraram a opinião dos que pioraram, sendo essa diferença mais expressiva para a pera e laranja (p<0,05). Em todos os alimentos houve passagem de classificações “não preferenciais” para “preferenciais”, principalmente na cenoura, pera e laranja. Comparando as respostas dos pais e das crianças, percebemos que as classificações na prova visual vão de encontro ao reportado previamente pelos pais. Pelo contrário, na prova cega, houve diferenças interessantes entre pais e filhos. A maioria das crianças deu uma resposta diferente à dos pais em 4 dos alimentos em teste – a classificação das crianças foi, regra geral, melhor do que a dos pais.

Conclusões: A prova cega pareceu afetar positivamente a opinião das crianças sobre as frutas e produtos hortícolas, sendo necessários mais estudos para verificar esta tendência em amostras maiores e com mais alimentos.