A perda e/ou desperdício de alimentos constitui um problema a nível mundial e tem sido uma das causas para o desequilíbrio do planeta e daqueles que nele habitam. Este artigo de revisão tem o intuito de avaliar a eficácia de algumas estratégias na redução do desperdício alimentar nas escolas. Sendo a escola o local onde os alunos fazem a maioria das suas refeições, torna-se o ambiente ideal para o desenvolvimento de projetos que consciencializem os alunos sobre condutas alimentares mais saudáveis e sustentáveis. De acordo com a revisão realizada, as estratégias do tipo participativo parecem ser das mais eficazes na mudança comportamental de crianças e adolescentes. No entanto, serão necessários mais estudos que avaliem a eficácia das intervenções a longo prazo e que tenham como objetivo principal a redução do desperdício alimentar.

 

O período da adolescência apresenta enormes desafios. As escolhas alimentares, muitas vezes, afastam-se do conceito da alimentação saudável, situação agravada por contextos socioeconómicos ou culturais desfavoráveis. A prevalência relevante de obesidade em adolescentes é uma realidade. O consumo de fast food tem vindo a ser relacionada com essa prevalência e com o afastamento do consumo de alimentos saudáveis, como os produtos hortofrutícolas. A educação alimentar e nutricional, realizada de forma sistemática, em diversos contextos como a escola, é uma estratégia importante para apoiar os adolescentes a tomar decisões que garantam a manutenção da sua saúde no presente e no futuro. O presente trabalho de revisão tem como objetivo estabelecer uma interligação crítica e reflexiva entre a nutrição e o papel da educação alimentar, sobretudo num contexto escolar, centrada no adolescente.

Introdução: Nunca se falou tanto da importância de uma alimentação saudável e cuidada desde a infância, no entanto, a batalha da obesidade ainda está longe de ser vencida e parece ser indiscutível o papel que a alimentação tem na etiologia e manutenção desta doença. As crianças passam uma grande parte do seu tempo na escola, onde também têm oportunidade de realizar várias refeições. Para além disso, a escola permite abranger outros grupos, como os pais, os professores, os assistentes operacionais, e até a própria comunidade em que está inserida, permitindo atingir todos os níveis sociodemográficos, o que faz dela um setting para intervenções de educação alimentar.

Objetivos: Esta revisão tem como objetivos responder às seguintes questões: (I) Quais os fatores a ter em conta no planeamento de intervenções eficazes para esta faixa etária? (II) Quais as medidas mais efetivas? (III) O que tem sido feito em Portugal para alterar o comportamento alimentar das crianças? e (IV) O que ainda pode ser feito para obter melhores resultados?

Metodologia: foi feita uma revisão narrativa onde se pretendeu reunir artigos científicos, documentos de organizações nacionais e internacionais que trabalham na área, avaliados trabalhos académicos realizados anteriormente e pretendeu-se, também, acrescentar a experiência das próprias autoras.

Discussão/Conclusões: O sucesso das intervenções de educação alimentar está suportado pela bibliografia existente, mas os resultados ainda não são suficientes para que se reverta a situação de obesidade e de hábitos alimentares considerados pouco saudáveis, como o baixo consumo de fruta e produtos hortícolas. Neste sentido, a inclusão de novas formas de intervenção como a inclusão dos encarregados de educação, docentes e assistentes operacionais, hortas nas escolas, aulas de culinária, atribuição de mascotes aos alimentos e melhoramento das embalagens dos alimentos a promover, parecem ser importantes para melhorar os resultados dos projetos de intervenção de educação alimentar.

A escola é descrita como um local privilegiado para a modulação de comportamentos alimentares e para a promoção da saúde, visto proporcionar aos alunos conhecimentos e competências para a adoção de comportamentos saudáveis. Na atualidade, verifica-se a existência de normativos legais e referenciais estratégicos para a alimentação escolar cuja aplicação não tem sido monitorizada, bem como a publicação de novos diplomas em resposta a notícias veiculadas na comunicação social que apontaram fragilidades no fornecimento alimentar nas escolas. O papel excessivamente reativo do Estado nestas matérias deve ser substituído por uma estratégia de longo prazo assente na promoção da saúde, para que seja possível uma avaliação efetiva da alteração dos comportamentos alimentares, indicadores significativos de ganhos em saúde.

É neste sentido que os autores apresentam uma proposta para a intervenção na alimentação escolar em Portugal, com a inclusão do nutricionista escolar, assente em dois eixos fundamentais: intervenção ao nível da comunidade escolar, com informação e respetiva capacitação e intervenção ao nível do ambiente alimentar.

Introdução: O Programa Nacional de Alimentação Escolar, existente no Brasil determina que todas as escolas públicas ofereçam refeições adequadas e gratuitas aos alunos, no período letivo, para manter os alunos corretamente alimentados no período de aulas. A fim de assegurar a qualidade das ementas das refeições escolares, estão documentados, no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, os alimentos restritos e os permitidos.

Metodologia: Utilizou-se neste estudo, para análise qualitativa das ementas oferecidas nas escolas, o instrumento de Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio, que possibilita a verificação de aspetos referentes à qualidade nutricional e sensorial e analisou-se todas as ementas implementadas durante o ano letivo de 2013, das escolas públicas do município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil. As preparações foram categorizadas, de acordo com as recomendações do Programa, em dois tipos: alimentos recomendados, que devem ser oferecidos de 80 a 100% e alimentos controlados que devem ser utilizados até 20%.

Resultados: Observou-se que os alimentos recomendados, nas seguintes categorias: carne, pescado e ovos; leguminosas; hortícolas; frutas e laticínios foram oferecidos nas ementas em quantidades adequadas. Entretanto, as saladas foram oferecidas entre 20-60% abaixo do que é indicado e os alimentos integrais, apesar de recomendados, foram pouco oferecidos. Alguns alimentos excederam o percentual máximo indicado para uso nas ementas, tais como: alimentos com adição de açúcar; industrializados semiprontos, enlatados e desidratados; cereais de pequeno-almoço e biscoitos.

Conclusões: As ementas destinadas aos alunos das escolas públicas municipais de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil, apresentaram vários aspetos positivos com oferta da maioria grupos de alimentos recomendados, adequadamente. Contudo, alguns produtos controlados, foram oferecidos em excesso, e poderiam ser substituídos ou reduzidos para a melhoria da qualidade do almoço fornecido aos alunos matriculados nestas escolas.