Apesar de uma certa evolução positiva, Portugal continua a ser um dos países europeus com maior prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade). Acredita-se que a principal solução deverá passar pela educação alimentar nas escolas, espaços privilegiados onde se reúnem as condições necessárias à aplicação de projetos bem estruturados e baseados nas necessidades de cada comunidade.

Nos últimos anos, tem-se verificado um acréscimo de publicações relativas a intervenções portuguesas em educação alimentar nas suas várias vertentes e, maioritariamente, através do trabalho direto dos Nutricionistas. Ao longo desta revisão, estes são colocados em evidência por se apresentarem como profissionais capazes e à altura do desafio, em meio escolar.

O período da adolescência apresenta enormes desafios. As escolhas alimentares, muitas vezes, afastam-se do conceito da alimentação saudável, situação agravada por contextos socioeconómicos ou culturais desfavoráveis. A prevalência relevante de obesidade em adolescentes é uma realidade. O consumo de fast food tem vindo a ser relacionada com essa prevalência e com o afastamento do consumo de alimentos saudáveis, como os produtos hortofrutícolas. A educação alimentar e nutricional, realizada de forma sistemática, em diversos contextos como a escola, é uma estratégia importante para apoiar os adolescentes a tomar decisões que garantam a manutenção da sua saúde no presente e no futuro. O presente trabalho de revisão tem como objetivo estabelecer uma interligação crítica e reflexiva entre a nutrição e o papel da educação alimentar, sobretudo num contexto escolar, centrada no adolescente.

Introdução: Nunca se falou tanto da importância de uma alimentação saudável e cuidada desde a infância, no entanto, a batalha da obesidade ainda está longe de ser vencida e parece ser indiscutível o papel que a alimentação tem na etiologia e manutenção desta doença. As crianças passam uma grande parte do seu tempo na escola, onde também têm oportunidade de realizar várias refeições. Para além disso, a escola permite abranger outros grupos, como os pais, os professores, os assistentes operacionais, e até a própria comunidade em que está inserida, permitindo atingir todos os níveis sociodemográficos, o que faz dela um setting para intervenções de educação alimentar.

Objetivos: Esta revisão tem como objetivos responder às seguintes questões: (I) Quais os fatores a ter em conta no planeamento de intervenções eficazes para esta faixa etária? (II) Quais as medidas mais efetivas? (III) O que tem sido feito em Portugal para alterar o comportamento alimentar das crianças? e (IV) O que ainda pode ser feito para obter melhores resultados?

Metodologia: foi feita uma revisão narrativa onde se pretendeu reunir artigos científicos, documentos de organizações nacionais e internacionais que trabalham na área, avaliados trabalhos académicos realizados anteriormente e pretendeu-se, também, acrescentar a experiência das próprias autoras.

Discussão/Conclusões: O sucesso das intervenções de educação alimentar está suportado pela bibliografia existente, mas os resultados ainda não são suficientes para que se reverta a situação de obesidade e de hábitos alimentares considerados pouco saudáveis, como o baixo consumo de fruta e produtos hortícolas. Neste sentido, a inclusão de novas formas de intervenção como a inclusão dos encarregados de educação, docentes e assistentes operacionais, hortas nas escolas, aulas de culinária, atribuição de mascotes aos alimentos e melhoramento das embalagens dos alimentos a promover, parecem ser importantes para melhorar os resultados dos projetos de intervenção de educação alimentar.