A alimentação e a nutrição exercem influências pré-concecionais e gestacionais e constituem fatores determinantes para o alcance das necessidades nutricionais ao longo do ciclo de vida, as quais são imprescindíveis para o desenvolvimento, o crescimento e uma vida saudável. A evidência científica tem demonstrado o papel protetor do Padrão Alimentar Mediterrânico, durante os períodos iniciais do ciclo de vida, mas também contra diversas patologias que podem desenvolver-se mais tarde na vida adulta. Com este trabalho, pretende-se apresentar uma revisão narrativa atualizada acerca da influência na saúde deste padrão alimentar, ao longo do ciclo de vida. Para esse efeito, foi realizada uma pesquisa, na MEDLINE, de artigos científicos em língua portuguesa ou inglesa, de acesso gratuito, publicados no período compreendido entre 2000 e 2022, selecionados de acordo com a sua atualidade e pertinência para o tema. Completou-se a pesquisa recorrendo a websites de entidades de referência nacionais e internacionais. Incluíram-se no total 78 referências bibliográficas. Conclui-se que o Padrão Alimentar Mediterrânico, para além do impacto positivo na fertilidade, no desenvolvimento e sucesso da gravidez, na saúde da descendência, no desenvolvimento e crescimento de crianças e adolescentes e no estado nutricional em todas as fases da vida, parece ter um papel na redução da incidência de doenças cardiovasculares, metabólicas, endócrinas e neurodegenerativas.

Introdução: Um relatório do Institute of Medicine referiu que “ser homem ou mulher é uma variável determinante que deve ser considerada quando realizada investigação básica e clínica”.

Objetivos: Este trabalho tem como objetivo analisar as diferenças entre géneros quanto ao consumo de alimentos, estado de saúde, doenças crónicas e indicadores de bem-estar como: energia, humor, concentração, stress e produtividade nos trabalhadores da Universidade do Porto.

Metodologia: Foi realizado um estudo observacional de corte transversal. A recolha de dados foi desenvolvida através da aplicação de um questionário autoadministrado. Foram avaliados 513 colaboradores, incluindo docentes e não docentes.

Resultados: Um maior número de mulheres realizou o pequeno-almoço (97,3% vs. 91,0%; p = 0,002), meio da manhã (57,0% vs. 35,3%; p <0,001) e meio da tarde (66,8% vs. 41,5%; p <0,001) ), todos os dias em comparação com os homens. A frequência de consumo de frutas (58,1% vs. 29,1%; p <0,001) e hortícolas (46,4% vs. 32,2%; p <0,001) com uma periodicidade diária foi maior em mulheres do que em homens. A frequência de consumo de bebidas alcoólicas no local de trabalho foi maior em homens (59,9% vs. 29,2%; p <0,001 – percentagens de consumo relativas a pelo menos uma vez uma semana). Em comparação com os homens, as mulheres relataram mais frequentemente sofrer de doenças crónicas e ter um pior estado de saúde, bem como um pior bem-estar no local de trabalho.

Conclusões: As mulheres relataram um pior estado de saúde e bem-estar, apesar dos melhores hábitos alimentares, o que poderá ser explorado e tratado como uma preocupação ao nível da saúde ocupacional.

Introdução: Insegurança alimentar é uma situação em que o acesso físico, social e económico do consumidor a alimentos adequados sob o ponto de vista nutricional é escasso ou inexistente. Apesar de o senso comum ditar o contrário, a evidência científica tem mostrado que a obesidade e a Insegurança alimentar estão significativamente associadas.

Objetivos: Contextualizar este paradoxo na população portuguesa e abordar os mecanismos associados.

Metodologia: Foi feita uma revisão narrativa da melhor evidência científica publicada nos últimos 10 anos com as palavras-chave definidas, segundo as normas PRISMA e em snowball, inserindo artigos científicos, documentos oficiais e livros aplicados à população portuguesa.

Resultados: A crise económica sentida nos últimos anos despoletou disparidades sociais. Os grupos mais vulneráveis à Insegurança alimentar em Portugal são as mulheres, desempregados ou empregados em condições precárias, famílias monoparentais, famílias numerosas e com baixo nível de escolaridade. Vários estudos associam a Insegurança alimentar a doenças crónicas como obesidade, dislipidémia, diabetes Mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, devido a uma alimentação desequilibrada, rica em produtos alimentares de elevada densidade energética e pobre em micronutrientes, e ao sedentarismo.

Conclusões: A prevenção e a gestão deste problema deve passar pela implementação de programas de monitorização nos cuidados de saúde primários e nas escolas, e aplicar estratégias a nível local para que se possa intervir de uma forma adequada e atempada.