Introdução: Apesar dos ovos serem ricos em nutrientes são a principal fonte de colesterol na dieta. A associação entre o consumo regular de ovos e o risco de doença cardiovascular é incerta. Assim, esta Revisão Baseada na Evidência tem como objetivo clarificar o efeito do consumo de ovos nas doença cardiovascular em adultos sem eventos cardio e cerebrovasculares prévios.

Metodologia: Pesquisa bibliográfica aplicando os termos MeSH “Eggs” and “Cardiovascular Diseases”. Incluídos estudos publicados nos últimos 5 anos segundo os critérios: (P) Adultos sem história de doença cardiovascular estabelecida; (I) Consumo de ovos; (C) Ausência/menor consumo de ovos; (O) Eventos Cardiovasculares. Para avaliação dos níveis de evidência e atribuição de forças de recomendação recorreu-se à escala SORT da American Family Physician. Após leitura dos resumos e aplicação simultânea dos critérios de inclusão e exclusão selecionaram-se apenas 3 artigos: 1 meta-análise e 2 revisões sistemáticas com meta análise (nível de evidência 2).

Resultados: A meta-análise demonstrou que a ingestão de até 6 ovos/semana está inversamente associada a eventos Cardiovasculares e que o consumo de até 1 ovo/dia foi associado a uma diminuição da incidência de doença cardiovascular. Além disso, nenhuma associação foi relacionada com o risco de acidente vascular cerebral. Uma das revisões sistemáticas /meta-análise demonstrou que um maior consumo de ovos (> 1 ovo/dia) não foi associado ao aumento do risco de doença cardiovascular nem de acidente vascular cerebral, mas sim, à redução do risco de doença coronária. Por sua vez, a outra revisão sistemática /meta-análise também mostrou que o consumo moderado de ovos não está associado a um aumento do risco de doença cardiovascular.

Conclusões: As evidências atuais não são suficientes para considerar o consumo de ovos prejudicial à saúde, nem para generalizar potenciais efeitos prejudiciais em indivíduos sem eventos Cardiovasculares prévios. Portanto, enquanto se aguarda por um melhor design dos estudos, não há necessidade de desencorajar o consumo de ovos ao nível desta população.

Introdução: As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal. Vários estudos referem o Padrão Alimentar Mediterrânico como protetor das doenças cardiovasculares.

Objetivos: Aferir a adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico e caracterizar o estado nutricional de uma amostra de doentes internados no Hospital Espírito Santo de Évora, E.P.E. que sofreram enfarte agudo do miocárdio.

Metodologia: Estudo transversal. Amostra composta por 42 doentes com enfarte agudo do miocárdio internados no Hospital Espírito Santo de Évora, E.P.E., entre fevereiro e abril de 2018. Aferiu-se a escolaridade e mediu-se o peso, a altura e o perímetro abdominal. Para aferir a adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico foi aplicado o MedDietScore e para caracterizar a alimentação foi aplicado um Questionário de Frequência Alimentar, previamente validado para a população adulta portuguesa.

Resultados: A média de idades dos homens e mulheres foi de 65,3 anos±10,2 e de 70,5 anos±11,3, respetivamente. O índice de massa corporal da amostra teve uma média de 28,5 Kg/m2±4,6 (no caso das mulheres de 29,6 Kg/m2±5,4 e no caso dos homens de 28,0 Kg/m2±4,3). Dos 25 idosos, 64% apresentou excesso de peso e dos 17 adultos, 76,5% apresentou excesso de peso. A mediana do perímetro abdominal dos homens foi de 100,0 cm e a mediana do perímetro abdominal das mulheres foi de 102,0 cm. Foi encontrado um perímetro abdominal >88 cm em 100% das mulheres. Nos homens, 44,8% possuía um perímetro abdominal >102 cm e em 24,1% foi encontrado um perímetro abdominal >94 cm. Apenas 19,1% dos inquiridos apresentaram uma adesão elevada ao Padrão Alimentar Mediterrânico. O consumo de carne vermelha foi superior ao consumo de carne branca ou de peixe [64,3 (P25=17,13; P75=77,15) g/dia vs. 31,7(P25=12,0; P75=68,6) g/dia e 14,3(P25=6,9; P75=31,4) g/dia].

Conclusões: A maioria da amostra apresentou excesso de peso (69,0%), possuía um perímetro abdominal com risco de doenças cardiovasculares associado e 80,9% não apresentou uma elevada adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico.