A síndrome do intestino irritável é um distúrbio gastrointestinal multifatorial, que afeta entre 10% a 25% da população mundial. O diagnóstico da síndrome do intestino irritável, segundo os Critérios de Roma IV, pode ser feito quando o individuo sofre de dor abdominal recorrente e esta está associada a pelo menos dois dos seguintes sintomas: dor relacionada à defecação, alteração na frequência das fezes e alteração na aparência das fezes. Evidências sugerem que uma distorção na biodiversidade e composição da microbiota intestinal, disbiose, interfere na integridade do intestino desempenhando um fator importante no desencadear da síndrome do intestino irritável.

FODMAP é o acrónimo para “oligo-, di- e monossacarídeos e polióis fermentáveis” e designa um grupo de hidratos de carbono de cadeia curta, osmoticamente ativos e altamente fermentáveis no cólon uma vez que a sua absorção é incompleta no intestino delgado. Uma baixa absorção de FODMAPs no intestino delgado pode dever-se a saturação, inibição e defeitos ao nível dos transportadores pelo epitélio (frutose), diminuição da atividade das hidrólases (lactose), deficits enzimáticos (frutanos, galactanos) ou a moléculas de elevadas dimensões incapazes de ser absorvidas por difusão simples (polióis).

A dieta baixa em FODMAPs é constituída por três fases: restrição, reintrodução e manutenção e segundo alguns investigadores, pode ser recomendada como terapia de primeira linha para indivíduos com síndrome do intestino irritável. Estudos comprovam que uma ingestão de até 0,5g de FODMAPs (com exceção da lactose) por refeição se mostra eficaz no alívio de sintomas, em 70% dos doentes.

A adoção de uma dieta baixa em FODMAPs reduz os prebióticos e os substratos fermentáveis disponíveis podendo alterar negativamente a estrutura e função da microbiota intestinal.

A prescrição deste regime alimentar não é fácil sendo necessária a intervenção de um nutricionista com conhecimento nesta área, possibilitando o empowerment do doente, o controlo a longo prazo dos sintomas e melhoria da qualidade de vida.

As dietas vegetarianas e, em particular, a sua versão mais estrita, associam-se a riscos aumentados de défices energéticos e nutricionais em qualquer fase da vida. Se não forem bem planeadas, são dietas inadequadas para lactentes, uma vez que poderão comprometer de uma forma mais ou menos irreversível o seu crescimento, desenvolvimento e maturação. É, pois, determinante conhecer as recomendações, de forma a adequar estes regimes alimentares às particularidades dos primeiros anos de vida, idade em que ocorre a diversificação alimentar, o treino do paladar, das texturas e finalmente a iniciação da dieta familiar.

Tendo em conta as recomendações sobre diversificação alimentar emanadas pelas sociedades pediátricas bem como o conhecimento existente sobre os alimentos que integram as dietas vegetarianas, os autores alertam para as particularidades destas últimas quando praticadas pelas lactantes e pelos lactentes, e propõem um esquema de diversificação alimentar, num contexto de vegetarianismo.