As leguminosas são alimentos ecologicamente sustentáveis, nutritivos e culturalmente importantes na região do Mediterrâneo. Contudo, as crianças portuguesas consomem apenas 6% das recomendações diárias. Os jardins de infância desempenham um papel crucial na formação dos hábitos alimentares das crianças, tornando-se assim fundamental promover o consumo destes alimentos nestes locais. Este estudo teve como objetivo identificar o consumo de leguminosas e os seus fatores associados, segundo a perceção dos professores, em nove jardins de infância portugueses. Trata-se de uma pesquisa participativa preliminar com uma abordagem qualitativa e quantitativa, utilizando um questionário estruturado e um grupo focal online. Os dados do questionário foram apresentados em números absolutos e por frequências, com aplicação do teste exato de Fisher. Os dados do grupo focal foram analisados e interpretados pela análise temática de conteúdo. Quantitativamente, observou-se que 77,8% das escolas fornecem refeições vegetarianas, aproximadamente uma vez por semana. As leguminosas são oferecidas em média 3 vezes por semana, em 55,6% das escolas. O nível de aceitação das leguminosas é de 55,6%. A análise de conteúdo identificou que saber confecionar leguminosas e o envolvimento da família na educação alimentar foram aspetos positivos. As barreiras identificadas foram a preparação das refeições fora da escola e a falta de hábito de consumir leguminosas. Com base nestes resultados, é recomendado que nas escolas selecionadas sejam priorizadas ações que visem o desenvolvimento de habilidades culinárias na preparação de leguminosas, educação alimentar com participação dos pais, a preparação de alimentos na própria escola e a introdução de leguminosas nas ementas o mais cedo possível.

Introdução: O crescimento populacional e as alterações climáticas têm motivado a procura de padrões alimentares mais saudáveis e ambientalmente mais sustentáveis. Uma maior inclusão de alimentos de origem vegetal, como as leguminosas, pode fazer parte deste caminho.

Objetivos: O objetivo deste estudo foi avaliar o consumo de leguminosas em duas amostras da população adulta portuguesa, e comparar a predisposição para a inclusão destes alimentos como substitutos proteicos da carne ou do pescado, em 2014 e 2020.

Metodologia: Foram elaborados dois questionários semiestruturados com algumas perguntas iguais, um em 2014 e outro em 2020, disseminados online, através das redes sociais. Foram participantes válidos 1741 indivíduos em 2014 e 908 em 2020. As variáveis categóricas foram descritas através de n e % e comparadas através do teste de qui-quadrado. A idade foi descrita através de mediana e intervalo interquartil e comparadas através do teste de Mann-Whitney U. A análise foi conduzida através do software SPSS 24.0.

Resultados: Em 2014, 19,9% dos entrevistados referiu que utilizava leguminosas como substituto da carne e do pescado e, em 2020, esta percentagem subiu para 31,7% (p< 0,001). A percentagem de inquiridos que afirmaram não colocar tal hipótese diminuiu de 15,0% (2014) para 11,5% (2020) (p = 0,017). As principais motivações e barreiras para o consumo de leguminosas foram identificadas e 77,5% da amostra mostrou não ter conhecimento sobre a sua porção diária recomendada.

Conclusões: Apesar de os portugueses estarem dispostos a alterar os seus hábitos alimentares, é necessário desenvolver estratégias para aumentar o conhecimento acerca das leguminosas, nomeadamente das recomendações alimentares para uma dieta saudável e sustentável.