Introdução: Um nível adequado de conhecimentos sobre alimentação e nutrição pode ser um fator importante para suportar escolhas alimentares mais saudáveis.

Objetivos: Avaliar o nível de conhecimento sobre alimentação e nutrição de estudantes do 1.º ciclo de estudos da área das Ciências da Saúde e os seus fatores associados.

Metodologia: Foi conduzido um estudo observacional transversal, que incluiu estudantes do 1.º ano do Ensino Superior da área das Ciências da Saúde no ano letivo de 2019/2020 (n=150). Os dados foram recolhidos através de um questionário estruturado de autopreenchimento. Os conhecimentos sobre alimentação/nutrição foram avaliados através de uma escala previamente testada na população portuguesa. As variáveis categóricas foram comparadas através do teste de Qui-quadrado e as variáveis quantitativas contínuas através do teste ANOVA.

Resultados: A percentagem média de respostas corretas na escala de conhecimentos sobre alimentação/nutrição foi de 77,9% (desvio-padrão=12,57) (variação 36%-100%). Ao analisarmos os fatores associados a um conhecimento em alimentação/nutrição elevado (>90% respostas corretas), verificou-se que este foi significativamente superior nos indivíduos que reportaram um consumo médio mais elevado de fruta e produtos hortícolas (4,6 vs. 3,2 porções/dia, p=0,019), particularmente de sopa, nos estudantes com mães mais escolarizadas (12,7 vs. 11,3 anos médios de escolaridade, p=0,039) e nos estudantes da Faculdade de Ciências da Saúde comparativamente aos da Escola Superior de Saúde (55,0% vs. 45,0%, p=0,018).

Conclusões: Os estudantes da área das Ciências da Saúde mostraram um nível de conhecimentos sobre alimentação/nutrição relativamente elevado. Um maior conhecimento foi associado a um maior consumo de fruta e produtos hortícolas, uma maior escolaridade da mãe e ao local de Ensino (Faculdade/Escola).

Introdução: As práticas alimentares nos primeiros 2 anos de vida condicionam o crescimento e a saúde futura da criança. Informação atualizada sobre que fatores estão associados às práticas de aleitamento materno e de diversificação alimentar é necessária para apoiar políticas de saúde materno-infantil.

Objetivos: Caraterizar a prática de aleitamento materno e diversificação alimentar e fatores associados numa amostra representativa de crianças Portuguesas.

Metodologia: O estudo incluiu uma amostra de 904 crianças dos 3 aos 35 meses, avaliadas no Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF 2015-2016). O questionário sobre práticas alimentares no primeiro ano de vida foi aplicado aos pais/cuidadores. Para estimar as proporções usou-se análise de sobrevivência e para estimar as associações utilizaram-se modelos de regressão de Cox.

Resultados: A proporção de crianças que nunca foi amamentada é de cerca de 6% e 30% deixou de ser amamentada antes dos 4 meses. A duração do aleitamento materno foi maior em mães mais velhas, menos escolarizadas e desempregadas. Apenas 3,3% das crianças iniciaram a diversificação alimentar antes dos 4 meses de idade. Em 66% dos casos, o primeiro alimento introduzido foi a sopa de vegetais. Pelo menos 7% das crianças consumiram leite de vaca antes dos 12 meses de idade e a probabilidade de introdução precoce do mesmo foi maior no caso de mães menos escolarizadas e desempregadas. Também as crianças assistidas pelo médico de família apresentaram maior risco de introdução precoce de leite de vaca comparativamente a crianças assistidas pelo pediatra.

Conclusões: Entre as crianças portuguesas as práticas alimentares parecem ocorrer, globalmente, de acordo com as recomendações. O abandono precoce do aleitamento materno é mais frequente em mães mais escolarizadas e ativas profissionalmente. Outras práticas que podem comprometer o crescimento saudável da criança, como a introdução precoce do leite de vaca, são mais frequentes em grupos socioeconómicos mais desfavorecidos.