O cloro é o químico mais usado para desinfeção da água. No entanto, quando a reação não é completa, o restante cloro pode reagir com compostos orgânicos resultando na formação de trihalometanos. Os limites legais para estes compostos variam de país para país, mas a União Europeia estabeleceu 80 µg/L como o limite máximo aceitável. Este artigo de revisão visa uma análise da situação portuguesa em relação aos níveis de trihalometanos presentes da água, explora potenciais riscos para a saúde e possíveis estratégias para reduzir os seus níveis. Vários estudos epidemiológicos reportaram uma associação entre a exposição prolongada a níveis elevados de trihalometanos e o desenvolvimento de cancro. Apesar de haver resultados contraditórios, parece haver associação com o risco de desenvolver cancro da bexiga, reto e pâncreas. Uma das limitações destes estudos está relacionada com a dificuldade em controlar todos os fatores que podem ter impacto nos níveis de trihalometanos no corpo humano. Neste sentido, apesar de a exposição a trihalometanos através da ingestão de água contaminada ser o mais frequentemente estudado, há outras formas de exposição incluindo a dérmica e a respiratória. A primeira é particularmente relevante durante o banho, nomeadamente devido ao aquecimento da água, e a segunda quando se frequentam piscinas. Outros problemas de saúde potencialmente associados à exposição a trihalometanos incluem infertilidade e complicações na gravidez, mas mais estudos são necessários. Como conclusão, muitos fatores são ainda desconhecidos relativamente ao impacto dos trihalometanos na saúde humana. Trabalhos futuros deverão ter em consideração a exposição cumulativa através das várias vias por forma a serem obtidas conclusões relevantes.
Atualmente, a deficiência em vitamina D é prevalente em todo o mundo. A associação entre esta deficiência e o desenvolvimento de doenças ósseas é já reconhecida; contudo, evidências mais recentes têm-na também relacionado com o aumento do risco de desenvolvimento de vários tipos de cancro.
Nos últimos anos, estudos in vitro e in vivo têm vindo a mostrar que a 1,25-dihidroxivitamina D (1,25(OH)D) é capaz de exercer efeitos anticancerígenos através da sua ligação a um recetor intracelular específico, o vitamin D receptor (VDR), o qual se encontra ativo tanto nas células benignas como nas malignas, em vários órgãos e tecidos de diversos sistemas do organismo, promovendo a transcrição de genes e a síntese de proteínas. Esta descoberta levou a um aumento do interesse clínico para a potencial utilização da vitamina D como fator adjuvante na prevenção e no tratamento do cancro.
Os autores apresentam uma revisão da literatura no que respeita aos mecanismos biológicos e bioquímicos responsáveis pelos efeitos anticancerígenos da vitamina D; e exploram pormenorizadamente estes efeitos à luz da evidência atual.