O tratamento da neuropatia diabética permanece desafiante. O ácido alfa lipoico é um antioxidante que parece melhorar os sintomas neuropáticos.

A presente revisão tem por objetivo compreender se o ácido alfa lipoico per os é eficaz no controlo sintomático da neuropatia diabética.

Definiu-se PICO: População – adultos com Diabetes Mellitus e neuropatia diabética; Intervenção – ácido alfa lipoico por via oral; Comparador – outro tratamento, farmacológico ou não farmacológico, para a neuropatia diabética; Outcome – controlo sintomático da neuropatia diabética.

Utilizaram-se os termos MeSH “alpha lipoic acid” e “diabetic neuropathy” para a pesquisa bibliográfica nas guidelines da American Diabetes Association e International Working Group on the Diabetic Foot, bem como nas bases de dados PUBMED e Cochrane. Pesquisados revisões sistemáticas, ensaios clínicos aleatorizados e metanálises publicados entre 11/2012 e 1/2024. Para classificação do nível de evidência dos resultados utilizou-se a Strentght Of Recomendation Taxonomy.

As guidelines da American Diabetes Association 2024 mencionam o ácido alfa lipoico como opção no tratamento da neuropatia diabética, embora não esteja a sua utilização nesta patologia. Não há menção do ácido alfa lipoico nas guidelines do International Working Group on the Diabetic Foot. Obtiveram-se duas revisões sistemáticas e oito ensaios clínicos aleatorizados para leitura integral. As revisões sistemáticas concluem que não há diferenças significativas entre o ácido alfa lipoico e o placebo. Dos ensaios clínicos aleatorizados (20-460 participantes), dois revelam eficácia da associação de ácido alfa lipoico com outros suplementos ou gabapentinóides, enquanto cinco ensaios clínicos aleatorizados demonstram eficácia do ácido alfa lipoico isoladamente. Um ensaio clínico aleatorizado não verificou melhoria clínica significativa. Um ensaio clínico aleatorizado mostra que a cessação do ácido alfa lipoico se associou a maior necessidade de analgesia de resgate. Dois ensaios clínicos aleatorizados apontam maior eficácia da terapêutica com ácido alfa lipoico em doentes com fatores de risco metabólicos controlados.

A variabilidade da posologia e duração do tratamento nos estudos prévios dificulta a utilização de uma estratégia universal. O controlo metabólico adequado pode ser fator de confundimento. A confiança nos resultados é limitada pela curta duração dos estudos e reduzido número de participantes.

Conclui-se que não existe consenso relativamente ao uso do ácido alfa lipoico na neuropatia diabética, sendo a sua utilização classificada como Strentght Of Recomendation Taxonomy B.

Introdução: A Síndrome do Túnel Cárpico é uma das neuropatias mais comuns em adultos, com impacto na funcionalidade e qualidade de vida. O tratamento conservador habitual tem um baixo nível de evidência. Dados os seus efeitos antioxidantes, o Ácido Alfa-Lipoico tem sido usado no alívio de sintomas e défices neuropáticos, surgindo como potencial tratamento sintomático no Síndrome do Túnel Cárpico.

Objetivos: Avaliar a eficácia do Ácido Alfa-Lipoico no alívio sintomático da Síndrome do Túnel Cárpico idiopática em adultos.

Metodologia: Pesquisa de meta-análises, revisões sistemáticas, ensaios clínicos aleatorizados e controlados e normas de orientação clínica, utilizando os termos MeSH “pain”, “paresthesia”, “hypoesthesia”, “carpal tunnel syndrome” e “alpha-lipoic acid”. Aplicou-se a escala Strength of Recommendation Taxonomy para classificar os artigos em Níveis de evidência e Forças de recomendação.

Resultados: Obtiveram-se 212 artigos, dos quais 3 ensaios clínicos aleatorizados e controlados cumpriam os critérios de inclusão, perfazendo 218 indivíduos estudados. Os 3 ensaios clínicos aleatorizados e controlados referem melhoria sintomática e eletromiográfica associada à administração de Ácido Alfa-Lipoico em comparação com o placebo.

Conclusões: Parece existir algum benefício da administração de Ácido Alfa-Lipoico para o tratamento sintomático do Síndrome do Túnel Cárpico. Contudo são necessários mais ensaios clínicos aleatorizados e controlados com metodologias mais homogéneas, maior número de participantes e follow-up mais alargado.