Entomofagia – consumo atual e potencial de futuro
Entomophagy - actual consumption and future
Cristina Gonçalves, Karla Chavez e Rui Jorge
Acta Portuguesa de Nutrição 2022, 29, 76-81 , https://dx.doi.org/10.21011/apn.2022.2913
Visualizações: 1368 | Downloads PDF: 186
Resumo
O consumo de insetos na alimentação humana remonta à fase de caçador-recoletor do Homo sapiens e ainda hoje é parte integrante da dieta de muitos povos, não só quando há escassez de outros alimentos, mas também pelo seu sabor ser apreciado. Na Europa o consumo de insetos deixou de ser prática comum à medida que outros alimentos passaram a estar disponíveis em qualquer época do ano. Os insetos mais consumidos mundialmente pertencem às ordens Coleoptera, Lepidoptera, Hymenoptera, Orthoptera, Hemiptera, Isoptera, Odonata, Diptera, Dictyoptera e Megaloptera. O valor nutricional dos insetos para o ser humano é reconhecido, recentemente, a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas publicou uma tabela com a composição nutricional de 471 insetos comestíveis. Os insetos são ricos em proteína, gordura, minerais e vitaminas. O consumo de insetos no Ocidente, em países onde deixou de ser prática comum, encontra-se condicionado pela perceção negativa que se tem destes animais e por se tratar de algo visto como novo no que diz respeito à alimentação. Nos últimos anos tem-se assistido a um crescente interesse pela introdução dos insetos na dieta como forma de fazer face ao crescimento da população mundial e consequente necessidade de aumento da produção alimentar, mas também por questões ambientais. Em Portugal o interesse pela produção de insetos para consumo humano encontrou barreiras na legislação da União Europeia, estando atualmente autorizada a comercialização de 6 espécies de insetos.
Abstract
The consumption of insects by humans dates back to the hunter-gatherer phase of the Homo sapiens and even today it is part of the diet of several communities, not only when there is a shortage of other foods, but also because its flavour is appreciated. In Europe, the consumption of insects decreased its frequency as the availability of other types of food became available at any time of the year. The most consumed insects worldwide are those of the orders Coleoptera, Lepidoptera, Hymenoptera, Orthoptera, Hemiptera, Isoptera, Odonata, Diptera, Dictyoptera and Megaloptera. The nutritional value of insects for humans is acknowledged, recently, The Food and Agriculture Organization of the United Nations published a table with the nutritional composition of 471 edible insects. Insects are rich in protein, fat, minerals and vitamins. Insects’ consumption in the West, in countries where it is no longer a common practice, is conditioned by the negative perception of these animals and because it is something seen as new in terms of food. In recent years, there has been a growing interest in the introduction of insects in the diet as a way to face the continuous increase of the world population and the consequent need to increase food production, but also for environmental reasons. In Portugal, the interest in the production of insects for human consumption faced barriers in the European Union legislation, but the commercialization of 6 species of insects is currently authorized.
Palavras-chave: Edible insects, Entomofagia, Entomophagy, Insetos edíveis