EDITORIAL

Nuno Borges

Acta Portuguesa de Nutrição 2017, 9, 02 , https://dx.doi.org/10.21011/apn.2017.0901

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Resumo

Decorreu em Lisboa, nos passados dias 4 e 5 de maio, o XVI Congresso de Nutrição e Alimentação (CNA) da Associação Portuguesa dos Nutricionistas. Tratou-se, uma vez mais, de uma reunião científica da maior importância no panorama nacional no que às Ciências da Nutrição e da Alimentação diz respeito. Os números confirmam-no: mais de 1500 participantes, mais de 100 oradores e 118 comunicações livres, num conjunto de autores e oradores de mais de uma dúzia de países diferentes.

A estrutura do programa desenvolveu-se em torno de um grande tema central, o da sustentabilidade alimentar. Parece de toda a relevância este tema e foi percetível o excelente acolhimento que teve por parte de todos. De facto, a sustentabilidade atravessa transversalmente as áreas da Nutrição e Alimentação, com uma importância crescente à medida que cresce também a importância destas ciências.

São muitas as áreas onde é evidente esta relevância. Desde já no desafio da produção alimentar para uma população sempre em crescimento, sabendo-se que hoje mesmo a produção e distribuição de alimentos é a atividade humana que mais impacto ambiental tem. Certamente que assegurar alimentos em quantidade e qualidade suficientes para todos é uma tarefa que não pode mais ser adiada e para a qual se terão de alocar importantes recursos materiais e humanos. Este desafio implicará, muito provavelmente, a necessidade de alterarmos alguns dos nossos hábitos alimentares, nomeadamente no uso, hoje excessivo, de carne bovina na alimentação, mas levará também, certamente, ao aparecimento de novos alimentos, fruto do inesgotável engenho e inteligência de tantos investigadores.

O desperdício alimentar foi também tema em destaque. Parece difícil admitir que tenhamos ainda um nível tão elevado de comida desperdiçada nas várias fases, desde a produção ao consumo. É, todavia, gratificante perceber o muito que está já a ser feito nesta área a vários níveis, com o envolvimento de estruturas locais e nacionais e que demonstram bem o quanto temos ainda de progredir a este nível.

Áreas como a restauração coletiva ou a nutrição clínica, de tanto relevo, não escapam igualmente aos desafios da sustentabilidade e as intervenções a este propósito foram bem demonstradoras do que se afirma.

Cremos assim que quem esteve no Centro de Congressos de Lisboa nestes dois intensos dias não ficou indiferente a estas questões. Era esse mesmo o propósito de quem pensou o programa e espera-se que esta semente de mudança na conceção global da Nutrição e da Alimentação tenha germinado definitivamente.

Como vem sendo hábito, chamamos a atenção para o próximo Congresso de Nutrição e Alimentação, a decorrer em 2018 em Lisboa e sob o tema da Nutrição na Sociedade da Informação. Até lá!