EDITORIAL

Nuno Borges

Acta Portuguesa de Nutrição 2017, 8, 03 , https://dx.doi.org/10.21011/apn.2017.0801

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Resumo

Em mais uma edição da Acta Portuguesa de Nutrição, são dados à estampa diversos artigos originais que demonstram o interesse e a pujança da investigação científica nesta área do saber. De igual modo, maio é o mês tradicionalmente ligado ao Congresso de Nutrição e Alimentação, e que este ano, na sua XVI edição, tem como tema de fundo a sustentabilidade alimentar. Com a presença de dois artigos por extenso e de um resumo (vencedor do prémio de melhor comunicação livre no 2.º Congresso Nacional de Nutrição, de Moçambique) dedicados ao tema do desperdício alimentar, parece oportuno refletir sobre estas importantes questões.

Assim, nunca como hoje os problemas da sustentabilidade alimentar se colocaram nos mais diversos fóruns de debate. São questões que unem a ecologia, a economia e as ciências da nutrição, procurando-se congregar as diferentes visões e interesses dos vários interlocutores numa visão consensual, o que nem sempre tem sido fácil.

A contribuição que as ciências da nutrição têm dado para este debate é relevantíssima e desdobra-se em vários temas, como o do desperdício alimentar (bem espelhado nos já referidos artigos desta edição), mas também o da importância reconhecida do uso de produtos alimentares locais e com respeito pela respetiva sazonalidade, no contexto de um padrão alimentar saudável, mostrando assim, de forma clara, que mais sustentabilidade pode significar também mais saúde para as populações. A produção, transporte e comercialização dos alimentos são, no seu conjunto, o fator de maior impacto no ambiente do nosso planeta, pelo que as contribuições para a melhoria deste problema serão sempre do maior interesse.

Como já foi apontado, reconhece-se hoje que a aposta na produção local, o respeito pela sazonalidade dos produtos alimentares, a moderação no consumo de produtos de origem pecuária ou as medidas que conduzam à diminuição do desperdício de alimentos em qualquer dos pontos da cadeia alimentar, constituem ações que não só minimizarão os reconhecidos efeitos ambientais como contribuirão para uma dieta mais saudável para todos. E não podemos olvidar que de uma melhor oferta alimentar resultará indiscutivelmente melhor saúde, o que contribuirá para um outro tipo de sustentabilidade: a dos sistemas de saúde, cada vez mais sobrecarregados com os custos das doenças crónicas não transmissíveis e cuja fração atribuível à má alimentação é importantíssima.